O espaço sagrado - Por José Justino Porto
Sacralização do Mundo,
Homogeneidade Espacial, e Hierofania.
Para o homem religioso, o espaço
não é homogêneo: o espaço apresenta roturas, quebras; há porções de espaço
qualitativamente diferentes das outras. Em Ciências das Religiões, essa
passagem ocupa bem esse espaço.
“Não te aproximes daqui, disse o
Senhor a Moisés; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar onde te
encontras é uma terra santa”. (Êxodo, 3:5).
Há, portanto um espaço sagrado, e
por consequência “forte”, significativo, e há outros espaços não-sagrados, e
por consequência sem estrutura nem consistência, em suma, amorfos. Mais ainda:
para o homem religioso essa não-homogeneidade espacial traduz-se pela
experiência de uma oposição entre espaço sagrado, o único que é real, que
existe realmente e todo o resto, a extensão informe, que o cerca.
“O Espaço Sagrado, portanto, em
que medida é uma descoberta, ou seja, é pura revelação, O Espaço nas mais
diversas “Basílicas está inserido espalhadas pelo mundo é um solo “Sagrado”.
Para o homem religioso; porque nada pode começar, nada se pode fazer sem uma
orientação prévia e toda orientação implica a aquisição de um ponto fixo.
É por essa razão que o homem
religioso sempre se esforçou por estabelecer-se no “Centro do Mundo”. Para
viver no mundo é preciso fundá-lo e nenhum mundo pode nascer no “caos” da
homogeneidade e da relatividade do espaço profano. A descoberta ou a projeção
de um ponto fixo, o “Centro”, equivalente à criação do Mundo, e não tardaremos
a citar exemplos que mostrarão, de maneira absolutamente clara, o valor
cosmografia do espaço sagrado.
Em contrapartida, para a
experiência profana, o espaço é homogêneo e neutro: nenhuma rotura diferencia
qualitativamente as diversas pastes de sua massa. É preciso acrescentar que uma
tal existência profana jamais se encontra no estado puro. Seja qual for o grau
de dessacralização do mundo a que tenha chegado, o homem que optou por uma vida
profana não consegue abolir completamente o comportamento religioso.
Isso ficará mais claro no decurso
de outras exposições: veremos que até a existência mais dessacralização
conserva ainda traços de uma valorização religiosa do mundo.
(Profº. Ms José Justino Porto,
historiador, geógrafo e sociólogo, mestre em Ciências da Religião pela PUC-GO – jjtininho@Gmail.com)
Fonte: http://www.dm.com.br
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