O testemunho e apelo ao «conhecimento» do outro
Felix Lungu, da Fundação Ajuda à
Igreja que Sofre, destaca a importância do diálogo ecuménico e inter-religioso,
na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, quando Portugal acolhe
refugiados com tradições e formas próprias de viver a fé.
“O primeiro passo da integração
desejável é conhecer o outro, haver uma aproximação de alguém que é diferente,
desconhecido, vem de longe com outra cultura, religião”, explica Felix Lungu,
observando que é “normal” a primeira reação ser “o medo, o receio”.
À Agência ECCLESIA, sublinha que
a solução para a “normal” primeira reação de “medo, receio” é o conhecimento, o
acolhimento do outro que “não só é igual como podem enriquecer, ajudar”, e não
são apenas “um motivo de preocupação”.
Neste contexto, destaca que a
religião é um aspeto “muito interessante” para os cristãos que podem “acolher
outros cristãos”, nomeadamente com a atual crise de refugiados do Médio oriente
e África.
“Estando com o espírito aberto
vamos sair todos enriquecidos. Eles pelo acolhimento que possamos dar, nós pela
riqueza de uma cultura diferente, de uma religião também que nos pode ajudar a
sermos melhores”, desenvolve Felix Lungu.
Neste contexto, o entrevistado
que trabalha na Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) recorda a génese da fundação
pontifícia que nasceu para ajudar os refugiados da 2.ª guerra mundial e o seu
fundador percebeu que o auxílio não estava completo sem a dimensão espiritual.
Segundo Felix Lungu, quando o
padre Werenfried van Straaten iniciou este projeto de solidariedade percebeu
que “era importante, ou tão mais importante a ajuda espiritual”, para além da
“intuição” de ajudar os refugiados com “medicamentos, cobertores, comida”,
tendo ficado conhecido como o “padre toucinho”.
“Essa marca do martírio faz parte
do ADN do cristianismo, dar testemunho”, acrescenta, revelando que é “muito
interessante” os testemunhos que a AIS recebe, “quase numa base diária”, de
cristãos perseguidos “com risco de perder a vida” mas não lhes “podem tirar a
fé”.
O ecumenismo e diálogo
inter-religioso fazem parte da vida de Felix Lungu, para além da experiência na
fundação pontifícia AIS, é natural da Roménia onde fez parte de uma minoria num
ambiente político adverso.
Nesta república unitária
semipresidencialista, do centro-sudeste da Europa, viveu num prédio de
quatro andares, eram “blocos comunistas muito feios”, e como vizinhos tinha no
quarto andar uma família de etnia cigana, “também religiosos”, no terceiro
vivam ortodoxos, no segundo eram luteranos e no primeiro andar a família
católica de Felix Lungu.
“Tudo num país comunista que
proibia a religião”, recorda o entrevistado ao Programa ECCLESIA da Antena 1 da
rádio pública. O Oitavário de Oração pela
Unidade dos Cristãos que este ano evoca experiências de guerras, conflitos e
violências que afetaram muitos povos da Europa a partir da reflexão proposta
pelas Igrejas da Letónia.
‘Chamados a proclamar as obras
maravilhosas do Senhor’, da Primeira Carta de São Pedro (1 Pedro 2, 9), é o
tema desta semana que quer reforçar identidade comum dos cristãos e as
tentativas de resposta às respostas que ainda os dividem e termina dia 25 de Janeiro.
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