Fiéis prestam homenagens a Iemanjá no centro do Rio de Janeiro



Fiéis de religiões de matriz africana lotaram na manhã do dia 02/02 a Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, para comemorar o Dia de Iemanjá

A homenagem seguiu em caminhada pelo centro da cidade até a Praça XV, onde os religiosos levarão, em uma barca reservada para navegar na Baía de Guanabara, oferendas à orixá, divindade da água doce e salgada.

Sob sol forte, a festa tem cantos e tambores celebrando a religiosidade e grande parte dos fiéis vestem branco, levam flores e usam colares. A professora de matemática Rita de Cássia Tavares, de 66 anos, dançava e erguia as mãos emocionada com a homenagem. Ao conversar com a reportagem da Agência Brasil, seus olhos marejaram ao contar a importância de Iemanjá.

"Iemanjá é família. É a mãe de todos. Como a família é importante para todos, vim pela minha família. A gente tem que agradecer".

Para homenagear sua orixá, a professora deixará rosas e anéis na Baía de Guanabara. "Os anéis, pra mim, representam tudo aquilo que ficou no passado e você entrega para ter uma vida nova, e porque Iemanjá é muito vaidosa".

O enfermeiro Luciano Lucena, de 47 anos, também não foi agradecer de mãos vazias. Levou perfumes para Iemanjá, orixá a quem recorre diariamente em seu trabalho. "Eu cuido da vida das pessoas e sempre peço ajuda a Deus e a Iemanjá. É algo que não veio da minha família, mas do meu coração".

Renovação

Membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, o babalawo do candomblé Ivanir dos Santos comemora a proximidade da festa com o carnaval, e a exposição das religiões de matriz africana na maior festa do país.

 "Uma boa parte das escolas de samba vai falar sobre essa manifestação religiosa. Então, em um dos maiores momentos do turismo brasileiro, o que marca a cultura e a identidade desse povo é a essa religião".

Ivanir também festeja o fato de jovens estarem aderindo à festa e destaca que as religiões de matriz africana se renovam e resistem à perseguição religiosa. "Quanto mais se persegue. Mais ela se renova. É uma religião que não exclui, que não pergunta de onde você veio".

A estudante de letras, Theisy Nascimento, de 22 anos, é nova na umbanda. Ela está na religião há apenas um ano e conta que se aproximou por um sentimento de identificação com sua ancestralidade.

 "Foi o despertar de uma consciência, de uma ancestralidade. Não sei como explicar isso, se é algo que você escolhe ou se você é escolhido", conta ela, que foi criada em uma família cristã. "Minha família veio da Bahia e tinha essa raiz de matriz africana, mas se converteu ao cristianismo. E eu estou resgatando isso".






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