Juventude e Rosacruz na cidade de Catanduva interior de SP.
Akhenaton no museu do Louvre:
legado de milênios à humanidade
Um prédio discreto localizado no bairro Colina do Sol, na zona Norte de Catanduva/SP, é o ponto de encontro de um pequeno grupo, formado por aproximadamente 20 pessoas. Ali, além de praticarem a convivência, elas participam de cerimônias e rituais iniciáticos que tiveram origem há 3.362 anos. É a Amenhotep, importante faraó da XVIII Dinastia Egípcia (também conhecido como Akhenaton e Amenófis IV), que é atribuída a fundação desta que é reconhecidamente uma das maiores fraternidades existentes em todo o mundo: a Rosacruz (ou AMORC: Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz).
Segundo Luiz Carlos Panza, estudante da filosofia ‘há muitos anos’ e um dos membros do grupo, a Ordem foi criada em 1.353 a.C. e tem como missão evoluir o ser humano através do despertar de seu potencial interior, auxiliando-o em seu desenvolvimento, em espírito de fraternidade, sempre respeitando a liberdade individual. “No mês de março, entramos no ano 3.362. Desde a época de Amenhotep, no ano 1.353 a.C., esse conhecimento vem passado de pessoa para pessoa, sempre cumprindo ciclos que duram 108 anos. Isso significa que, quando termina cada ciclo, os ensinamentos Rosacruzes adormecem de alguma maneira, mas ficam incubados como se fosse uma semente para, depois, voltarem a ser transmitidos”, explica Panza, lembrando que há momentos na história da evolução terrestre que os iniciados são perseguidos. “E é assim que a Ordem subsiste, cumprindo ciclos inspirados pelos mestres cósmicos”, emenda.
No Brasil, o último ciclo teve início em 1950. Nessa época, os conhecimentos deixados pelo faraó egípcio voltaram a ser propagados entre os estudiosos do País. Em Catanduva, porém, o movimento começou apenas em 1.980, com as primeiras reuniões realizadas na casa de Panza, localizada no São Francisco, zona leste da cidade. “Nove anos depois de iniciarmos nossas reuniões em minha casa, um grupo tomou conhecimento de uma área que pertencia à Prefeitura e então fomos até lá negociar o espaço. O governo nos cedeu o terreno e lá construímos o Pronaos, que é o organismo menor dentro da Ordem e que significa Portal, em latim”, explica o estudante, referindo-se à loja da AMORC em Catanduva. Segundo ele, além dos 20 membros afiliados à Ordem na cidade, existem outros 20, aproximadamente, que são frequentadores do lar. “Eles estudam as monografias em casa. São filiados apenas à Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa, localizada em Curitiba”, diz Panza, que esclarece: “Quando a pessoa tem interesse em fazer parte da Ordem, ela se filia à Grande Loja, de Curitiba, e passa a receber os estudos. Mas, se ela quiser participar das cerimônias e iniciações, filia-se ao Pronaos, na nossa cidade”, pontua. De acordo com o estudante, para receber os ensinamentos rosacruzes, a pessoa deve preencher apenas a dois requisitos: ter amor à filosofia e interesse pelo estudo. “Costumo dizer que a pessoa se auto-seleciona. Quando ela estiver preparada, irá assumir seu caminho. A Ordem não impõe nenhuma crença. Respeitamos todas as classes sociais e todas as religiões”, destaca.
ESTUDOS
Na AMORC, o conhecimento é transmitido em etapas. “São 12 graus. Cada grau tem suas monografias. À medida que os assuntos vão se aprofundando, as monografias vão aumentando. E quando o grau vai avançando, vai se tornando necessária a reestruturação da personalidade do estudante. Afinal, o objetivo é despertar o potencial interior do ser humano, sempre respeitando sua liberdade, pois é ele quem se classifica”, diz Panza. Para o estudante, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos que se propõem a trilhar essa senda evolutiva é se desapegar das coisas materiais. “A parte material é muito forte no homem e é aí que mora a dificuldade. Precisamos inverter isso, pois embora estejamos na matéria, temos que nos alinhar para buscar o desenvolvimento nos níveis físico, mental, emocional, psíquico e espiritual. Você precisa dessa evolução na horizontal, desse alinhamento, para poder subir. É como se fosse uma escada e você tem que desejar passar para o próximo degrau. Mas, para isso, é necessária dedicação através dos estudos, da meditação, da intuição e do poder criativo, que vão te dando base para esse alinhamento”, explica. Segundo Panza, à medida que o estudante desenvolve-se em diversos níveis, vai obtendo benefícios.
“Quando ele desenvolve o nível físico, obtém vitalidade e saúde. Quando desenvolve o mental, descobre o porquê de ter uma mente e dos poderes que ela tem. No nível emocional, aprende a dominar as emoções. No psíquico, desperta propriedades inerentes ao ser humano que estavam adormecidas e, no espiritual, despertam o interior e faz contato com a consciência universal, que é o propósito de tudo”, pontua. Ainda conforme o estudante, o desenvolvimento do ser proporciona-lhe uma claridade mental que lhe permite descobrir um mundo oculto. “É o mundo que existe, mas que ninguém vê porque não foi treinado para vê-lo. É como uma montanha. Quanto mais você sobe, mais você vai descobrindo paisagens que você não via enquanto estava embaixo”, exemplifica. Para Panza, a maior parte da humanidade está adormecida, em estado de letargia, e não é capaz de ver o que está ao seu redor. “As pessoas vêem tudo sempre igual. Só enxergam a matéria e não vêem que o homem é dual, que além de matéria, também é espiritual”, observa. “Acredito que o grande mal da humanidade é o comodismo. Ela estaciona e faz uso das mais diversas desculpas para não se dedicar aos estudos em benefício da própria evolução e, conseqüentemente, da evolução do planeta e de todo o esquema cósmico. Muitos alegam que não têm tempo. Outros, que ainda são muito jovens. Outros, que já são velhos demais. Mas existe medo desse mundo oculto, por falta de conhecimento, e existe muita preguiça também”, emenda Panza, ressaltando que, na Ordem Rosacruz, a dedicação aos estudos é de aproximadamente uma hora por semana.
MISSÃO
De acordo com o estudante da AMORC, dentro do sistema evolutivo existem ciclos que regem tanto a vida do homem quanto a vida do planeta. “Nosso planeta está em um fim de era. Estamos sentindo na pele o que está acontecendo. Isso é necessário para a evolução. Observe nossa galáxia, que não pára de girar. Ela está evoluindo sempre, assim como nosso planeta e assim como nós”, comenta. Para Panza, é importante que o homem descubra qual o seu papel dentro do esquema cósmico e faça sua parte não apenas para sua própria evolução, mas também para contribuir com a evolução da humanidade.“Quando começamos a estudar e a desenvolver nossas potencialidades, recebemos inspirações e descobrimos a nossa missão. Somos inspirados a evoluir, pois somos todos ligados à mente universal (que é Deus) e o nosso caminho é de volta para casa”, finaliza.
Akhenaton e a Rosacruz
Akhenaton, cujo nome inicial foi Amen-hotep IV (ou, na versão helenizada, Amenófis IV), foi um grande faraó da XVIII Dinastia Egípcia. A historiografia credita esta personalidade com a instituição de uma religião monoteísta entre os egípcios, numa tentativa de retirar o poder político das mãos dos sacerdotes, principalmente aqueles do deus Amon da cidade de Tebas. O faraó teria sido o grande responsável pelo início de uma das maiores fraternidades existentes hoje em dia, a Rosacruz (AMORC – Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz). Muitos rosacruzes acreditam que ele realmente é o fundador da fraternidade há cerca de três mil e quinhentos anos. Este faraó teria recebido influências da escola de mistérios criada pelos altos sacerdotes do Egito antigo há quatro mil anos. Como o nome indica, essas escolas possuíam locais onde eram estudados os mistérios do universo, da natureza e do homem. Akhenaton introduziu a cruz e a rosa como símbolos e adotou a cruz ansata como emblema a ser usado por todos os mestres da Ordem. Ele faleceu no dia 24 de julho de 1350 a.C.
Do Egito, a Ordem Rosacruz se expandiu para a Grécia sob o impulso dos filósofos desse país, particularmente sob Pitágoras, e mais tarde, para a Europa da Idade Média dos alquimistas e dos templários. Nos séculos seguintes, os pensadores da Renascença e os espiritualistas da época moderna contribuíram para sua expansão, tanto no Oriente quanto no Ocidente. Então, a liberdade de consciência rapidamente se deteriorou, e a Ordem foi obrigada a se transformar e adotar diversos nomes no decorrer da sua história para manter suas atividades em absoluto segredo. É por esta razão que, durante muito tempo, a Ordem Rosacruz foi considerada como uma sociedade dita secreta. Mesmo assim, nunca deixou de transmitir seus ensinamentos e suas idéias, participando sempre a igualdade dos sexos e a construção da verdadeira fraternidade entre os homens.
Fonte: http://www.oregional.com.br e www.amorc.org.br [com adaptações]
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