Processo de Giordano Bruno


Processo de Giordano Bruno
Processo de Giordano Bruno, de Mario Moretti, engata temporada no Teatro Ágora

Protagonizado por Celso Frateschi e com direção e tradução de Rubens Rusche, o texto de Mário Moretti refaz os últimos anos do filósofo, vítima da Inquisição, que ousou afirmar que o universo é infinito e que a terra é um astro como muitos outros

Após sucesso de público no SESC Vila Mariana, a peça Processo de Giordano Bruno engata temporada no Teatro Ágora a partir de 15 de junho, sexta-feira, às 21 horas. A montagem traz para os palcos os últimos anos de Giordano Bruno, filósofo que manteve suas ideias até o fim e foi queimado vivo pela Inquisição em função de suas ideias a frente de seu tempo.

Trata-se de um projeto antigo de Rubens Rusche, responsável pela direção e tradução do texto do dramaturgo italiano Mário Moretti (nascido em 1929, em Gênova) - que, aos 83 anos, veio ao Brasil para assistir o espetáculo. Celso Frateschi protagoniza a trama e sobe ao palco ao lado de André CorreaAngelo BrandiniDagoberto FelizHermes Baroli William Amaral. A iluminação é de Wagner Freire, cenários e figurinos de Sylvia Moreira.

Perseguido não só pelos católicos, mas também por calvinistas, luteranos e anglicanos, a história conta como Giordano Bruno foi preso, processado e condenado pela Inquisição Italiana. A estrutura da peça se divide em duas partes: A primeira parte se passa em Veneza, onde Bruno, denunciado por um discípulo, é preso pelo Santo Ofício e interrogado pelos inquisidores venezianos.

A segunda parte acontece em Roma, no palácio do Santo Ofício e nas prisões da Inquisição. Diante dos inquisidores romanos, Bruno reafirma sua doutrina filosófica e é condenado à morte. A cena final remete ao Campo das Flores, onde ele foi queimado vivo em 17 de fevereiro de 1600.

Uma longa jornada

O personagem, de alguma forma, sempre esteve permeando os caminhos de Rubens Rusche. Na década de 70, época em que o Brasil passava pela Ditadura Militar, o diretor encontrou na trajetória de Giordano Bruno a história que representava os anseios pela liberdade de expressão. Rubens Rusche encontrou na obra de Mário Moretti os questionamentos políticos e históricos que lhe interessavam.


Para construir o texto, o autor realizou um extenso levantamento histórico dos processos dos tribunais da Inquisição de Veneza e Roma. Grandes cenas do espetáculo foram construídas a partir das transcrições desses processos.

Ao assistir Sonho de um Homem Ridículo, de Fiódor Dostoievski, interpretado por Celso Frateschi, Rusche teve a certeza de ter encontrado o ator certo para viver Giordano Bruno. Desse encontro, nasceu a primeira parceria entre eles no espetáculo O Grande Inquisidor. Essa montagem, de alguma maneira preparava a do PROCESSO DE GIORDANO BRUNO ao abordar também o tema da Inquisição.

Para Frateschi, o seu personagem tem a liberdade como seu trunfo principal, algo que ele construiu para si até mesmo diante da fogueira. “Bruno passou seus últimos anos sendo torturado, sem ler, nem escrever, sem poder observar a luz do dia, nem o universo infinito que o iluminou e iluminou também as suas ideias”.

A história do filósofo italiano ganhou uma adaptação cinematográfica de destaque em 1973. O longa teve a direção de Giuliano Montaldo e foi protagonizado por Gian Maria Volonté. A produção também contou com a fotografia de Vittorio Storaro (responsável pela imagem de Apocalypse Now de Francis Ford Coppola) e música de Ennio Morricone (criador da trilha dos filmes Western Spaguetti, que revelou Clint Eastwood).

Giordano Bruno: Uma voz contemporânea

Ao decidir montar a peça de Mário Moretti, Rubens Rusche enfatiza que essa é uma boa época para relembrar esse personagem histórico. “Giordano Bruno é uma luz na discussão da liberdade, dialoga de forma precisa com os dias atuais. É uma oportunidade de conhecer a história, uma luta contra a intolerância, algo recorrente no mundo contemporâneo”.


“O caso de Giordano Bruno não foi revisto pela Igreja até hoje. Fazer este espetáculo é uma maneira de homenagear as pessoas que morreram lutando por suas idéias, inclusive aquelas dos tempos da Ditadura Militar”, comenta Celso Frateschi.

Processo de Giordano Bruno se junta a uma lista de espetáculos provocativos e questionadores que marca os mais de 40 anos de carreira do ator: Sonho de Um Homem Ridículo (Fiódor Dostoievski, 1821-1881), Ricardo 3 (William Shakespeare, 1564-1616), Tio Vânia (Anton Tchecov, 1860-1904), O Grande Inquisidor (Fiódor Dostoievski), entre outros.

Figurinos e cenários

A composição visual leva a assinatura de Sylvia Moreira. O cenário é formado por um conjunto de estrados dispostos em forma de cruz. Além do protagonista, outros 13 personagens aparecem nas várias cenas do espetáculo. Os atores permanecem no palco durante toda a peça. Todas as trocas são feitas à vista da plateia, fato que acentua o caráter ritualístico da montagem.

Sinopse

Os últimos oito anos de vida do filósofo Giordano Bruno (1548-1600), todos eles passados nos cárceres do Santo Ofício da Inquisição italiana. Um exame crítico do mundo da Contrareforma, cujo espírito impediu e bloqueou, durante séculos, a pesquisa científica e o desenvolvimento de uma arte e de um pensamento livres.


ÁGORA TEATRO

Reestreia 15 de junho - sexta-feira - às 21 horas.
Temporada: sextas e sábados às 21hs e Domingos às 19hs.
Até 15 de julho de 2012.
Texto de Mário Moretti
Direção e Tradução de Rubens Rusche
Elenco: Celso Frateschi, André Corrêa, Angelo Brandini, Dagoberto Feliz, Hermes Baroli e William Amaral
Cenografica e Figurinos: Sylvia Moreira
Luz: Wagner Freire
Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos
Os ingressos podem ser adquiridos pelo www.ingresso.com e diretamente nas bilheterias do teatro.

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