Um grito dos artistas em defesa da cultura/CE
Às vésperas do retorno (pela terceira vez em um ano e meio) do deputado estadual, Professor Pinheiro, à Secretaria de Cultura do Governo do Estado (Secult) – anunciado por ele para o próximo dia 30, artistas das mais diversas linguagens vão se reunir para protestar contra a situação de instabilidade e sucateamento em que se encontra a pasta.
A manifestação tem início hoje, a partir das 17 horas, com uma vigília em frente à sede da Secult, instalada no prédio do Cine São Luiz (Praça do Ferreira), e segue até a manhã da quinta-feira, com a realização de atividades artísticas.
O objetivo do protesto é chamar atenção da sociedade e da mídia para os problemas da pasta e conseguir recolher o maior número possível de assinaturas para o abaixo-assinado apresentado durante o Fórum das Linguagens, realizado na última segunda-feira, 25, na Casa Juvenal Galeno. O documento, que já está circulando na internet e deve virar uma petição pública, oficializa a insatisfação da classe artística cearense com os rumos tomados pela Secult durante o governo de Cid Gomes.
Durante o Fórum das Linguagens, onde 74 artistas de diferentes linguagens se reuniram para aprovar o texto do abaixo-assinado e planejar o protesto de logo mais, os participantes fizeram questão de deixar claro que o problema da Secretaria não está personalizado no gestor da pasta (seja ele quem for), mas, sim, na forma autoritária e “desrespeitosa” como o governador vem gerindo a cultura no Ceará.
No documento formulado, os artistas reivindicam uma série de providências efetivas e apontam o uso da pasta como objeto de negociatas político-partidárias, ao invés de cumprir sua função. Entre os pontos de insatisfação, está o troca-troca de gestores e a nomeação de funcionários que desconhecem as problemáticas históricas da classe.
Segundo, o documento, há um “sucateamento da estrutura técnica da Secult, comprometendo os trâmites administrativos necessários para a aprovação de editais e projetos em relação ao andamento e à liberação de recursos”. Uma das propostas para o problema é a realização de concursos públicos e a delegação, para tais cargos, de pessoas que conheçam as especificidades da arte e da cultura
Outra reclamação da classe é a falta de diálogo do governador com os agentes culturais e a centralização de poder. “O Pinheiro nos disse numa reunião: ‘Eu sou o secretário, mas a caneta é do governador’. O governador centraliza as decisões, desfalca a Secretaria, não dá autonomia à pasta e ela por si só não tem condições de fazer nada porque não tem equipe”, ressalta a coreógrafa Sílvia Moura, uma das organizadoras do Fórum.
Segundo ela, além da falta de propostas, não há continuidade das ações anteriormente colocadas pela própria Secult. “Só na dança, nós tivemos dois eventos que não aconteceram por trâmites errados. Ano passado, foram devolvidas [para o Governo Federal] verbas em quatro eventos grandes: a Feira da Música, o Nóia, Bienal de Dança e o Outras Danças. Isso é um absurdo”, protesta.
SERVIÇO
Manifestação pela Secult
Quando: vigília, hoje, a partir das 17 horas; e protesto amanhã (28), a partir das 9 horas
Onde: em frente ao prédio da Secult (Praça do Ferreira)
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