Entenda as riquezas do Concílio Vaticano II na vida da Igreja – Por Jéssica Marçal
Arquivo' Nós somos chamados a
viver e testemunhar o Evangelho e o Concílio nos ajudou e nos ajuda', declarou
Dom Armando
Um verdadeiro "fermento de
novidades" na Igreja Católica. Um acontecimento que fez a Igreja retomar a
consciência sobre o que ela é e qual é sua missão no mundo. Assim foi o
Concílio Vaticano II, que completa 50 anos de existência neste Ano da Fé,
proclamado pelo Papa Bento XVI para o período de 11 de outubro de 2012 a 24 de
novembro de 2013.
Com 16 documentos publicados, o
Concílio enfrenta as dimensões do que é ser Igreja, procurando olhar tanto para
sua história quanto para o futuro. Isso foi o que explicou o presidente da
Comissão Episcopal Pastoral de Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), Dom Armando Bucciol.
Ele destacou que, nas próprias
orientações do Papa Bento XVI, é possível perceber que o Concílio Ecumênico
Vaticano II representou continuidade e ruptura da vida da Igreja.
"Eu
aceito sem dúvida, como o Papa insiste, que foi continuidade com a história
precedente da Igreja; também em si marca a nossa história eclesial e podemos
considerá-lo como o evento que o Espírito Santo gerou com a atuação concreta de
pessoas, o evento de maior peso do último século da nossa história".
Em 50 anos, muitas foram as
mudanças, de forma que é difícil expressar em poucas palavras tantas
alterações. "É todo um movimento de reforma que acontece em diversos
âmbitos, começando pela Liturgia, depois no campo do relacionamento da Igreja
com o mundo, com as outras religiões. Ousaria dizer que o elemento talvez mais
importante é a respeito da Palavra de Deus”, elencou o bispo.
O que levou ao Concílio Vaticano
II?
Dom Armando contou que ele era
adolescente e estava no seminário quando foi anunciado o Concílio. Ele explicou
que a Igreja na época do Papa Pio XII tinha grandes valores e méritos, mas se
defendia de um mundo agressor caracterizado pelo materialismo, comunismo e
racionalismo. De acordo com o bispo, o sucessor de Pio XII, Papa João XXIII,
soube captar os finais dos tempos e compreender a necessidade de mudança na
Igreja.
“Ele (Papa João XXIII) percebe
que a Igreja deve se abrir, entrar em diálogo, não pode ser uma Igreja fechada
e, portanto, eis que propõe o Concílio, como momento de partilha, de busca. Eu
acredito mesmo, à luz de tudo aquilo que aconteceu, que foi um grande presente
de Deus por meio dos Papas que nossa Igreja recebeu. Com certeza, nesta época
em que o Concílio aconteceu, muito coisa precisava ser revista e, com a graça
de Deus, isso se deu”.
Documentos
Os frutos que o Concílio trouxe
para a Igreja estão organizados em 4 constituições, 3 declarações e 9 decretos.
De acordo com Dom Armando, a constituição é algo de peso maior, discorrendo
sobre temas como Liturgia, Palavra de Deus e Igreja no mundo contemporâneo, por
exemplo. Já os decretos se fundamentam nas constituições, que são as grandes
luzes, mas isso não significa que tenham menor valor.
O bispo disse ainda que, nesses
documentos, praticamente toda a vida da Igreja é revista à luz da Palavra de
Deus, da Tradição e do Magistério. Ele também explicou que o processo para
definir uma autocompreensão da Igreja acerca de sua existência e missão envolve
o trabalho de comunhão eclesial.
“A Igreja em sua comunhão
eclesial, o Papa com todos os bispos, faz uma leitura com a ajuda de um grande
número de peritos, assessores, teólogos, que procuram fazer uma revisão nas
diferentes dimensões para depois dizer como é que ela se autocompreende e
pretende ser em sua caminhada futura”
Ano da Fé: aproveitar as riquezas
do Concílio
Diante das riquezas oferecidas
pelo Concílio, o bispo acredita ser oportuno retomar os documentos, não ao pé
da letra, mas atentando para seus conteúdos essenciais, de forma a captar
aquilo que aconteceu no século passado e que ainda hoje precisa ser
compreendido.
“Eu mesmo li dezenas de vezes os
documentos, sobretudo os que mais mexem com minha competência específica, sobre
Liturgia. Nós podemos perceber que quando se lê e relê, estes documentos são
grandes luzes, frutos de tantas cabeças a corações”.
Em especial neste Ano da Fé, Dom
Armando acredita que o Papa Bento XVI nos convida a termos uma fé mais sólida,
mais madura. Para ele, a luz de Cristo deve iluminar todos os tempos, luz esta
que se reflete de formas diferentes em diferentes situações.
“Penso que é importante que as
novas gerações que não viveram a época conciliar procurem conhecer, com uma
leitura atenta, profunda e bem fundamentada desses documentos. Nós somos
chamados a viver e testemunhar o Evangelho e o Concílio nos ajudou e nos ajuda".
Comentários