Igrejas de Rússia e Polônia buscam reconciliação
Os chefes das igrejas ortodoxas
russa, Kiril, e católica polonesa, o arcebispo Jozef Michalik, assinaram nesta
sexta-feira um histórico chamado à reconciliação entre os dois países e contra
o laicismo na Europa, tendo como pano de fundo a condenação em Moscou das
jovens do grupo de rock Pussy Riot.
"Convocamos nossos fiéis a
rezar para obter o perdão de todos os erros, injustiças e todos os males
infligidos reciprocamente", afirma o texto assinado em uma cerimônia
solene no Castelo Real de Varsóvia.
"Estamos convencidos de que
é um primeiro passo, o mais importante, em direção à restauração da confiança
mútua sem a qual não há comunidade duradoura nem plena reconciliação",
declaram os dois prelados, ao mesmo tempo em que se comprometem a realizar
"novos esforços que devem aproximar nossas igrejas e nossos povos".
Os signatários também prometem
"defender o direito à presença da religião na vida pública".
"Hoje nossos povos enfrentam
novos desafios. Com o pretexto de proteger a laicidade ou defender as liberdades,
os princípios fundamentais do Decálogo estão sendo questionados", afirmam,
antes de acrescentar que "os valores tradicionais são rejeitados e os
símbolos religiosos retirados dos espaços públicos".
A assinatura deste chamado,
preparado desde fevereiro de 2010, coincide com a leitura em Moscou da
condenação do processo contra três jovens do grupo punk rock russo Pussy Riot,
que podem ser penalizadas com três anos de prisão por uma "oração" de
protesto em uma catedral contra o presidente russo, Vladimir Putin.
A juíza Marina Syrova acusou as
três jovens de "vandalismo" e de planejar "cuidadosamente"
o ato realizado no dia 21 de fevereiro na catedral de Cristo Salvador de
Moscou.
Tanto na Rússia, com o
consentimento do patriarca de Moscou, como em várias cidades no exterior, de
Varsóvia a Sydney, passando por Paris ou Nova York, estavam previstas
manifestações a favor das jovens.
Em Varsóvia, uma manifestação de
feministas estava prevista para a tarde desta sexta-feira perto da embaixada da
Rússia. A visita do patriarca Kiril à
Polônia e seu chamado conjunto com o chefe da igreja polonesa podem favorecer a
aproximação entre a igreja ortodoxa e o Vaticano.
"Esta visita pode ter como
efeito que os russos tenham um novo olhar em direção aos poloneses, e também
sobre a igreja de Roma, já que veem esta igreja através da Polônia",
comentou nesta quinta-feira o monsenhor Michalik à rede de televisão TVN24.
Polônia e Rússia mantiveram
relações difíceis ao longo de sua história. A Rússia dominou boa parte da Polônia
no século XIX, e depois da II Guerra Mundial a União Soviética lhe impôs o
comunismo. A história dos dois países também
foi marcada por muitos conflitos entre ortodoxos e católicos.
Fonte: http://br.noticias.yahoo.com
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