Mostra coletiva aborda arte e religião no Museu do Estado/ PE
Montez Magno, Ana Lisboa, Luciano
Pinheiro e Renato Valle se unem para questionar a fé na arte contemporânea. A
exposição fica em cartaz até 30 de setembro.
"Certa vez um padre lhe
disse: “a coisa que mais gosto de fazer é rezar o terço”. E a artista plástica
recifense Ana Lisboa pensou com seus botões: “O que mais gosto de fazer é
arte”. Seria essa, pois, a religião que tomaria para si. Foi na arte que
encontrou o conforto quando a vida lhe apresentou o luto e mostrou o
significado de comunhão.
A religião, no sentido dogmático, lhe inquietava. O
tema foi abordado em sua dissertação de mestrado no curso Ciência da Religião
da Unicap, onde Ana estuda as obras de mais três artistas pernambucanos: Montez
Magno, Luciano Pinheiro e Renato Valle. Nos quatro pares de mãos,
religiosidade, liberdade e questionamentos.
Muitas perguntas e poucas respostas
(a intenção é disseminar o debate) deram origem a mostra coletiva Interseção:
arte e religiosidade, que é inaugurada, nesta quinta (30), às 19h, no Museu do
Estado de Pernambuco. A exposição fica em cartaz até 30 de setembro.
A tese ganha, também, uma versão
menos acadêmica no livro Arte como prece: a religiosidade no trabalho de quatro
artistas pernambucanos, que será lançado no dia 26 de setembro.
“Não tenho religião, mas sou
muito religioso”, diz Montez Magno. Na mesma esteira, estão os outros três
artistas, que se unem pela inquietação, sua mola propulsora. O nome de Renato
Valle é um dos primeiros a surgir quando se fala em questionamento religioso no
Recife. “Eu implico muito com o símbolo da cruz”. Segundo ele, a imagem lembra
dor e tortura, símbolos associados ao medo e repressão.
Na sua ala da mostra, aparecem
obras de várias épocas, com destaque para peças da famosa série Cristos e
anticristos, uma forte crítica ao modo como a sociedade se apropria da
religião.
As obras dividem espaço, em curiosa sintonia, com os trabalhos de
Luciano Pinheiro. Neles, aparecem terreiros, cruzes, oferendas, santos. Todas
as religiões misturadas em uma ode ao encontro, à harmonia.
Fonte: http://jconline.ne10.uol.com.br
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