Falidas as «religiões» de Mao e de Deng, a China procura Deus – Por Darci Vilarinho
Trinta anos de luta
de classes, o culto da personalidade de Mao Tse Tung e a exaltação do
sacrifício até à morte causaram na China enorme vazio espiritual
Foi uma “religião” que faliu e deu lugar ao frenesim do “tornar-se
ricos”, criando uma sociedade vazia, cheia de contradições entre ricos e
pobres, entre a cidade e o campo.
A China encontra-se numa profunda crise espiritual devido à aridez do maoismo e do dengismo.
A China encontra-se numa profunda crise espiritual devido à aridez do maoismo e do dengismo.
É esta a última tese do professor Liu Peng, académico das Ciências
Sociais de Pequim, perito no estudo da religião. Na sua opinião, o ponto fraco
do poder chinês está precisamente na sua falta de fé e de liberdade religiosa.
No seu longo trabalho, Liu Peng analisa a história da China, a discreta
liberdade vivida no período feudal e a difusão do maoismo, devida à promessa da
posse das terras, depois da expulsão dos seus proprietários, e à apresentação
da luta de classes como uma religião e Mao Tse Tung como o seu deus.
A falência económica e humana do maoismo levou à abertura exaltada por
Deng a à ênfase dada às transformações económicas e ao “tornar-se ricos” como
ideal de vida (uma outra pseudo-religião). Mas nem isso sacia o desejo
espiritual do homem, declara Liu Peng. Hoje, a China pergunta-se: Em que é que
acreditamos?
As caraterísticas principais do desenvolvimento económico da China dos
nossos dias são o crescimento do produto interno bruto, a exploração dos
recursos, a poluição do ambiente, os conflitos de interesses e o incrível
enriquecimento de alguns.
Os que enriquecem de uma forma rápida possuem um
profundo défice de espírito de fé, porque percebem que “o dinheiro não é
omnipotente” e a felicidade não é assegurada pela riqueza.
A abundância
material não pode resolver o problema da pobreza espiritual. Muitos ricos
chegam a lamentar-se, dizendo: “Eu sou tão pobre que não tenho senão dinheiro”.
A gente começa a compreender que o dinheiro não é o único objetivo da vida.
“Tornar-se rico” pode ser uma necessidade, mas o que realmente desejam é uma
vida cheia de significado, baseada sobre a riqueza
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