O peso do voto evangélico
Foi-se o tempo em que os
evangélicos podiam ser ignorados. Hoje, eles estão no centro das grandes
estratégias. No processo eleitoral, não tem sido diferente. Os candidatos estão
desesperados à procura desses votos.
Em 2010, o voto evangélico já demonstrou sua
importância. Marina Silva mereceu o destaque que teve no primeiro turno, graças
à mobilização de boa parte das igrejas evangélicas pelo seu nome. A candidata
levou 20% dos votos da nação sem dispor de dinheiro para campanha e foi
vitoriosa no desafio de levar sua mensagem a todo o país. Graças a esse povo.
Acredito que o evangélico faz de
tudo pela vitória do autêntico evangélico que se candidata a um cargo público.
Muitos valem da passagem bíblica que diz: “... em tudo devemos pensar primeiro
nos domésticos da fé” (Gálatas 6:10). Não é segredo para ninguém que os
evangélicos tentam viver conforme os mandamentos bíblicos.
Um dos principais argumentos dos
candidatos evangélicos é de lutar por obra em favor do seu povo, tentando
muitas vezes fazer com que os crentes acreditem que se não houver cristãos
governando, tudo ficará cada vez mais difícil para a classe evangélica. É
verdade! Graças a muitos cristãos que se elegeram a cargos políticos o povo de
Deus tem alcançado muitas vitórias.
Rebanho significativo
Ao contrário dos candidatos a
prefeitos, os candidatos a vereados já estão se ajustando em várias igrejas
levando suas propostas e conseguindo o apoio de muitas. É o caso do pastor e
vereador por duas vezes, Jony (PRB), da Universal do Reino de Deus, igreja que
conta com o deputado federal Pastor Heleno. Além do apoio da IURD, tem contado
com o da Igreja Presbiteriana Renovada, que por sinal, tem um líder querido
pelos seus fiéis.
A Assembleia de Deus Missão, que
conta com um rebanho expressivo de mais de 18 mil eleitores, divididos em mais
de 100 igrejas na capital, aposta no Pr. Roberto Morais (PR) ¬- que 2008 não se
elegeu, alegando que teria poucos dias de campanha. Esse jovem pastor, que já
foi líder de vários templos, tem como ponto forte a boa comunicação e o baixo
índice de rejeição na própria denominação.
Já Daniela Fortes (PR), na
eleição passada, foi bem votada mas não conseguiu se eleger. Como suplente,
trabalhou os quatros anos para ganhar e conta com um grande número de votos dos
assembleianos.
Parece, contudo, que além deles,
a Assembleia de Deus tem destinado alguns votos para Paulinho da União Tur
(PRTB), irmão do pastor Moacir, o qual tem conseguido atrair muitos adeptos à
sua “viradinha”.
Outra ex-parlamentar é Nilza
Santana (PC do B), da Primeira Igreja Batista de Aracaju (Piba). O seu mandato
foi marcado em 2001 pela criação do projeto de lei para a realização de um
culto evangélico na semana da comemoração do aniversário da capital.
Quem corre por fora, mas com
grande engajamento, é o coordenador da Marcha para Jesus no Estado, Adelson da
Marcha (PRTB). Ele vem tentando, desde 2000, mas acredita que agora chegou sua
vez de ocupar uma cadeira.
Outra igreja que cresceu muito
nos últimos 10 anos foi a Igreja do Evangelho Quadrangular e como tem sido nas
últimas eleições, tem abraçado a campanha do membro e vereador, Valdir Santos
(PT do B).
Como os evangélicos vão votar em
2012? Seguindo orientação dos seus lideres? Confiando que o candidato
evangélico ainda é uma boa opção para lutar? Só sei que em 2010 os evangélicos
só conseguiram eleger apenas um deputado estadual onde poderiam eleger três.
Peso pastoral
Se a dúvida sobre quem vai vencer
é uma realidade, o certo é que muitos candidatos buscam apoio do líder ou
pastor das igrejas. A questão é: até que ponto vai essa influência? Em 2010,
assisti grandes líderes carregando o governador Marcelo Déda (PT) para dentro
dos seus templos e hoje vejo esses mesmos líderes carregando João Alves (DEM).
Será que esse cenário é favorável para o líder? Acredito que o pastor deve
lutar para ter o coração de sua comunidade, conquistando a confiança dos seus
com seriedade, lealdade e vida honesta e, aí sim, terá uma capacidade de
influenciar.
O pastor e teólogo, Anchieta
Vasconcelos, da igreja Assembleia de Deus Nova Vida acredita que mesmo vivendo
no país democrático e o com voto livre se deve levar em conta que o pastor é responsável
pela vida da ovelha, responde por ela e tem o direito de orientar. “O pastor
nunca deve usar desses atributos para fazer politicagem (vender o rebanho) para
se dar bem, esse não é o seu papel. E, portanto, esse líder não deve ser
seguido. Essa não é a função do pastor. Temos que cuidar da igreja como noiva
de Cristo. Mas não podemos esquecer que estamos cuidando de um ser que é
biológico, sociológico e espiritual ao mesmo tempo e que cabe sim, ao pastor a
orientar os seus fiéis”, opina Anchieta.
Respeito ao segmento
O político sábio conhece a força
do líder evangélico e, a prova disso, tem sido a nossa presidente Dilma
Rousseff (PT) que em período de campanha cedeu todos os anseios dessa classe e
mesmo eleita está tendo cuidado de não decepcionar os evangélicos como o caso
da suspensão do “kit gay”.
É ótimo que um candidato se
aproxime da comunidade evangélica para apresentar propostas, mas é ainda melhor
quando o faz buscando orientação, buscando ouvir os anseios, experimentando
conhecer o que pensa um dos grupos que mais cresce no país. Reconhecer quem é o
evangélico e aproximar-se com intenções sinceras são passos de políticos
sábios.
Em Aracaju, faltando 30 dias para
o dia “D”, apenas o ex-governador, João Alves, sentou-se com algumas lideranças
evangélicas, mas não apresentou nenhuma proposta para a classe.
E os candidatos evangélicos? Assista o horário
eleitoral na TV e você vai ver a quantidade de cristãos concorrendo a uma vaga
na Câmara Municipal. Confesso que queria que muitos ali fossem eleitos. Segundo
os dados da Fundação Getúlio Vargas, em Aracaju, há mais de 50 mil evangélicos
que votam na capital. Só pra reforçar, no conjunto Augusto Franco, há mais de
30 igrejas evangélicas.
Fonte: http://www.infonet.com.br
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