Portugal no pódio dos países europeus com mais desigualdades sociais
O risco de pobreza atinge os 43,
4% e é atenuado por apoios sociais, indica estudo da Fundação Francisco Manuel
dos Santos.
Portugal é o país da União
Europeia, com excepção da Letónia e Lituânia, a ter maiores desigualdades na
distribuição dos rendimentos das famílias, revela um estudo que vai ser
apresentado em Lisboa.
Os dados da Fundação Francisco
Manuel dos Santos, que vão ser discutidos no sábado no Centro Cultural de Belém
num encontro promovido pela instituição, revela que, embora tenham vindo a
decrescer, as desigualdades na distribuição dos rendimentos pelas famílias
portuguesas "são mais elevadas em Portugal do que em todos os países
europeus, excepto Letónia e Lituânia".
De acordo com o estudo, os 20%
mais ricos têm um rendimento seis vezes superior ao dos 20% mais pobres, embora
a diferença tenha sido mais alta um ponto, entre 1995 e 2005.
O risco de pobreza atinge os 43,
4% e é atenuado por apoios sociais, cifrando-se nos 17,9%, ou seja, uma em cada
cinco pessoas é considerada pobre e uma em cada três pessoas com mais de 65
anos vive só e é considerada pobre (35%), números que estão abaixo da média
europeia, que é de uma em cada quatro pessoas (24%).
A discrepância entre ricos e
pobres, também designada por Índice de Gini, que se situa nos 33,7%, em
contraponto com os 30,5% da média europeia, ajuda a explicar as assimetrias
existentes entre quem vive em áreas urbanas de quem vive em zonas rurais. Por
isso, o estudo conclui que "o despovoamento do Portugal rural em favor das
áreas urbanas e do litoral é uma tendência prevalecente".
Assim se explica que as regiões
da Grande Lisboa e do Grande Porto, que ocupam apenas 2,4% do território,
concentram 31,5% da população residente.
No sector económico, Lisboa,
Porto e Albufeira são os municípios do país onde se registam mais pagamentos
por habitante, através das caixas de multibanco. Da mesma forma, entre os 558
ecrãs de cinema existentes no país, 80 estão em Lisboa, 31 em Vila Nova de Gaia
e 21 em Oeiras, enquanto 198 dos 308 municípios não têm nenhum.
Na saúde, um médico de família
tinha, em 2010, em média 145 utentes no Grande Porto e 757 no Alentejo Litoral.
Em relação ao índice de envelhecimento, o número de idosos por cada cem jovens
era, em 2011, de 179 no Alentejo e 118 na região de Lisboa, o mesmo se verifica
em matéria de densidade populacional: Alcoutim, Mértola e Idanha-a-Nova têm
menos de sete habitantes por quilómetro quadrado, ao passo que na Amadora, Lisboa
e Porto existem 5.000.
O despovoamento das zonas rurais
tem contribuído para a redução do número de explorações agrícolas (de 785.000
em 1979 para 305.000 em 2009) e para o abandono dos campos, aumentando assim o
número de incêndios florestais (2.349 em 1980 e 22.026 em 2010).
Fonte: http://rr.sapo.pt
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