Conflitos entre budistas e muçulmanos matam ao menos 20 em Mianmar
Depois de algumas semanas de
calma, a violência sectária entre budistas e muçulmanos recomeçou em Mianmar,
país da Ásia meridional, deixando ao menos 20 mortos, e forçando milhares de
civis a se juntar aos outros 75 mil já deslocados desde junho, no oeste birmanês.
Tropas do Exército já foram enviadas ao local.
De acordo com a agência de
notícias Efe, são 50 mortos. A Reuters registra 56, e a AFP diz que são 20.
Além disso, cerca de 50 pessoas
ficaram feridas e mais de mil casas foram incendiadas nos distúrbios, que
começaram domingo, disse o chefe de comunicação do governo, Myo Than. Eles
acontecem em várias aldeias do Estado de Rakhine, vizinho de Bangladesh.
Em uma tentativa de evitar que
aconteçam novos enfrentamentos de intolerância, as autoridades mantiveram o
toque de recolher nas aldeias de Mrauk U e Minbya, origem dos atos violentos
que depois se estenderam a outras localidades.
Há uma onda de violência na
região desde junho, que já deixou inúmeros mortos, a maioria de muçulmanos da
etnia rohingya, minoria apátrida considerada pela Organização das Nações Unidas
(ONU) uma das mais perseguidas no mundo.
O estopim para os primeiros
confrontos foi o homicídio de uma mulher budista, que havia sido estuprada,
supostamente por três muçulmanos. O número estimado de mortes desde então é de
110 pessoas, segundo dados oficiais, mas muitas organizações consideram essa
quantia abaixo da realidade.
Cerca de 800 mil muçulmanos da
etnia rohingya vivem em Mianmar, a maioria em Rakhine, embora as autoridades do
país, de maioria budista, não reconheçam sua cidadania e afirmem que eles
procederam de Bangladesh.
Perseguição
A comunidade apátrida também não
é reconhecida em Bangladesh, onde cerca de 300 mil rohingya estão aglomerados
em campos de refugiados.
A ONU expressou sua preocupação
com a escalada brutal do número de deslocados, por meio do chefe da organização
no país, Ashok Nigam. Ele pediu "acesso irrestrito" às duas
comunidades.
As principais organizações
muçulmanas do país cancelaram as celebrações do Eid al Adha, uma das festas
mais importantes do islã, que começa na sexta-feira.
Bangladesh, alertado sobre a
possível chegada de vários barcos de rohingyas em fuga, reforçou as patrulhas
de fronteira "para garantir que eles não entrem no território", segundo
a Guarda Costeira.
A nova onda de violência ocorre
após várias semanas de calma aparente, durante as quais a situação parecia
estar sob controle, com estado de alerta e toque de recolher impostos em
municípios em situação de risco.
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