Disputa PT e PSDB vira ´guerra santa´
O segundo turno começou com o
discurso religioso sendo um dos temas de acirramento da disputa municipal
São Paulo Numa disputa municipal
que ganhou contornos de "guerra santa", PT e PSDB deflagaram no
segundo turno em São Paulo uma corrida pelo espólio religioso deixado pelas
candidaturas de Celso Russomanno (PRB) e Gabriel Chalita (PMDB).
O segmento evangélico é o mais
cobiçado, alvo das principais investidas das duas legendas. Por um lado, o
candidato tucano José Serra tem arregimentado um maior número de líderes
evangélicos. Mas, por outro lado, o petista Fernando Haddad hoje concentra a
maior parte do voto religioso.
A última pesquisa Datafolha,
divulgada na semana passada, indicou que os votos dos candidatos do PMDB e do
PRB migraram em maior parte para a campanha do PT. Haddad lidera entre os
eleitores evangélicos pentecostais (52% contra 33%), não pentecostais (47%
contra 31%) e católicos (46% contra 41%).
O tucano somente vence entre os
espiritualistas, que representam apenas 2% dos eleitores.
O segundo turno começou com o
discurso religioso sendo um dos temas de acirramento da disputa. Na semana passada,
o petista acusou o adversário de "instrumentalizar" igrejas para
desgastar a candidatura petista. O tucano revidou dizendo que o PT tem um líder
evangélico: o senador Marcelo Crivela (PRB), ministro da Pesca de Dilma.
Desde o primeiro dia do segundo
turno, integrantes das duas campanhas garimpam o apoio de lideranças
evangélicas.
Na última década, esse segmento
saltou de 15,9% para 22,1% da população e, em 2012, representa quase um quarto
dos habitantes da cidade.
Os dois candidatos disputam, até mesmo,
espaço nas mesmas igrejas. Iniciaram conversas com líderes da Assembleia de Deus
Santo Amaro, que afiançou apoio a Celso Russomanno no primeiro turno, e da
Assembleia de Deus Brás, que ficou com Gabriel Chalita.
Na semana passada, o tucano e o
petista mediram forças junto a lideranças da Renascer em Cristo, comandada pelo
apóstolo Estevam Hernandes e bispa Sônia. José Serra obteve uma declaração de
apoio do casal, enquanto Fernando Haddad conquistou núcleos da igreja.
A corte ao setor evangélico
garantiu a Serra o apoio do líder da Assembleia de Deus da Vitória em Cristo -
liderada pelo pastor Silas Malafaia, que tem comandado uma cruzada contra o
candidato do PT. Serra também esteve em missas, como a capitaneada pelo padre
Marcelo Rossi, da Renovação Carismática da Igreja Católica.
Já Haddad foi a duas missas. Em
maio, esteve no Santuário do padre Marcelo e sexta-feira celebrou o Dia de
Nossa Senhora Aparecida numa igreja na periferia da cidade.
O esforço feito pelas campanhas
de Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) para cooptar apoios de padres e
bispos visando a conquistar o voto religioso pode não surtir tanto efeito.
Especialistas que acompanham o processo eleitoral e que avaliaram as eleições
presidenciais de 2010 - que contaram com doses cavalares de polêmica religiosa
- atestam que nem sempre a fé move um voto.
Sem disputa religiosa
"Quando observamos a votação
que o PSDB teve com Geraldo Alckmin na eleição de 2006, pleito sem disputa
religiosa, e a que José Serra teve em 2010, quando o tema ferveu, vemos uma
diferença mínima. Se o voto religioso realmente tivesse acontecido, o cenário
seria totalmente diferente. Os tucanos teriam oscilado bem mais", defende
Alberto Carlos Almeida, autor do livro "A cabeça do eleitor". Para o
especialista, a religião não influenciará a eleição de São Paulo.
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