Nenhuma religião permite o assassinato de inocentes – Por Serbin Argyrowitz
O grande poeta palestino Mahmud Darwich disse em uma
entrevista realizada em 2006: "Acompanhamos a batalha entre dois fundamentalismos
adversários, um norte-americano e o outro islâmico".
Este é o canário do famigerado "choque das
civilizações" deflagrado por causa do filme que insultou o profeta Maomé e
que funcionou como grande provocação, tornando-se rastilho para reações em
cadeia de protestos populares, acompanhados por atos de violência no Mundo
Muçulmano que, por uma vez mais, sentiu-se profunda e pesadamente ofendido por
ações dos círculos reacionários do Ocidente.
O resultado é extremamente preocupante. Estas evoluções
criam o terreno "adequado" para o cultivo do ódio dentro das
sociedades e de insegurança mundialmente. Não estão excluídos aventureirismos
bélicos em nome da demonstração de "punho" por parte dos EUA, sob a
pressão dos agressivos círculos do Tea Party e outras forças negras, em vista
também das eleições presidenciais norte-americanas.
A explosiva situação exploram e fomentam, também, as
mais extremas forças do fundamentalismo islâmico, objetivando promover suas
próprias agendas. Recorde-se que o triplo atentado terrorista da Al Qaeda em 11
de setembro de 2001 no coração dos EUA foi maximizado pelo então governo de
Bush Jr., para declarar a denominada "guerra contra o terrorismo",
que foi utilizada como meio para a imposição da hegemonia norte-americana no
mundo, com coadjuvante a União Européia.
Fundamentalismo dos mercados
O ponto de vista de que o Islã é por natureza
agressivo e hostil ao Ocidente é contestado, com veemência, por personalidades
de destaque do Mundo Islâmico. "A civilização islâmica - destaca o
presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas - teve forte interação
com a civilização europeia, cujos resultados continuam sendo palpáveis".
Já a iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz
(2003), salienta que "nenhuma religião permite o assassinato de
inocentes" e "nenhuma civilização aceita a violência e o terrorismo".
Mas ainda mais dura colocação para os apreciadores do
"choque das civilizações" formulou William Pfaff: "Esta ideia é
semelhante àquela do século passado que viu na guerra racista o futuro do
mundo, previsão que convenceu Hitler. Não queremos ver isto sendo
repetido".
Infelizmente, a islamofobia tem assumido sérias
dimensões, também, na Europa, com responsabilidade do fundamentalismo cristão e
da extrema-direita que, irresponsavelmente, demagógicos atribuem riscos
fantasiosos à presença de imigrantes dos países muçulmanos.
Os amigos da paz e os democratas na Europa, assim
como, no mundo inteiro devem reunir suas forças contra a islamofobia e qualquer
espécie de racismo, neonazismo e fundamentalismo. E anotem: existe também o
fundamentalismo dos mercados.
Neste momento, o dever mais crítico é a paz no Grande
Oriente Médio, com problema-chave o imbróglio da Palestina, que deverá ser
solucionado com a constituição do Estado palestino nas fronteiras de 1967.
Paralelamente, deverá ser encontrada solução pacífica para o conflito da Síria
e ser evitado o risco de nova guerra no Irã, a pretexto de seu programa
nuclear.
Comentários