Pobreza preocupa mais que aborto, dizem católicos dos EUA - Por Mary Wisniewski
A maioria dos católicos dos
Estados Unidos acha que a Igreja deveria se preocupar mais com a justiça social
e a ajuda aos pobres, mesmo que isso signifique menos foco em questões como o
aborto, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto de
Pesquisas da Religião Pública.
As conclusões da Pesquisa Valores
Americanos 2012 relativa aos católicos contraria o foco de muitos bispos
norte-americanos, que em suas declarações públicas costumam salientar a
proibição da Igreja ao aborto e à contracepção artificial.
A pesquisa mostrou que 60 por
cento dos católicos desejam uma maior atenção a questões de justiça social em
vez do aborto, ao passo que 31 por cento têm opinião oposta.
A divisão valia inclusive entre
católicos que vão à igreja uma vez por semana ou mais, grupo que é considerado
mais conservador em questões sociais. Uma ligeira maioria nesse grupo, 51 por
cento, considera que a Igreja precisa priorizar as questões de justiça social.
"A pesquisa confirma que não
existe o tal ‘voto católico'", disse Robert P. Jones, executivo-chefe do
instituto e coautor do relatório. Mais de 3.000 pessoas foram entrevistadas na
pesquisa.
"Há várias divisões críticas
entre os católicos, inclusive uma divisão importante entre os católicos da
‘justiça social' e os do ‘direito à vida'", afirmou Jones.
A Igreja Católica se opõe ao
casamento homossexual, ao aborto e à contracepção. Os bispos dos Estados Unidos
se opõem especificamente a uma regra federal de 2010 que obriga hospitais,
universidades e outras instituições a oferecerem planos de saúde que cubram o
controle artificial de natalidade, contrariando os ensinamentos católicos.
A pesquisa também mostrou que,
entre os católicos mais praticantes, 57 por cento apoiam a pena de prisão
perpétua sem direito a sursis, em vez da pena de morte. Isso valia também entre
os católicos conservadores, por uma margem de 51 x 44 por cento.
"A Igreja claramente tem
tido um real impacto nas atitudes dos católicos com relação à pena de morte,
especialmente entre os católicos conservadores", disse E.J. Dionne,
pesquisador do Instituto Brookings e coautor do relatório, em entrevista
coletiva nesta segunda-feira.
Ele observou que os católicos que
são mais conservadores na questão do aborto tendem a ser mais
"liberais" quanto à pena de morte (ou seja, se opõem a ela).
Ainda segundo a pesquisa, o grupo
que mais cresce na paisagem religiosa dos Estados Unidos é o das pessoas sem
religião, um quinto da população, mais do que o dobro do que em 1990. Pessoas sem religião, católicos
hispânicos, não-cristãos e protestantes negros são os grupos que mais apoiam a
candidatura do presidente Barack Obama à reeleição.
Entre os eleitores do republicano
Mitt Romney, quase 80 por cento se declararam brancos e cristãos (incluindo
evangélicos, protestantes tradicionais e católicos). A pesquisa foi feita entre 13 e
20 de setembro, antes dos debates presidenciais, e envolveu 3.003
entrevistados, com margem de erro de 2 pontos percentuais.
Fonte: http://noticias.r7.com
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