A multiplicação das igrejas na capital - Por Silvério Morais
Levantamento feito por vereador
mostra que número de comunidades evangélicas chega a 20 mil.
Em julho, o microempresário e
pastor Adriano Júlio Ferreira, de 29 anos, alugou uma pequena garagem no
Jaraguá, Zona Norte, para abrir uma igreja, denominada Restauração em Cristo.
Quatro meses depois, o local, com espaço para 30 pessoas, lota nos cultos.
Não há estatística oficial, mas o
crescimento dessas pequenas comunidades evangélicas é visível em toda a cidade,
onde casas, garagens, oficinas, lojas e outros pontos de comércio dão lugar a
igrejas nanicas.
Num raio de um quilômetro de onde
fica a igreja de Adriano, há pelo menos outras cinco do mesmo tamanho. São
denominações pouco conhecidas, geralmente independentes, fundadas por pastores
que já pertenceram a igrejas maiores.
“Isso é normal porque nem todo mundo
concorda o tempo todo com a mesma direção. É como pessoas que saem de um
partido e formam outro”, afirma o vereador Carlos Apolinario (PMDB), membro da
Assembleia de Deus há 53 anos.
Ele fez um levantamento em sua
última campanha, em 2008, e identificou 18 mil igrejas evangélicas na capital.
Hoje, estima que existam cerca de 20 mil. “Todo dia surgem igrejas na capital
inteira. Cada favela tem mais de uma”, afirma.
Segundo o vereador, não há
concorrência entre as igrejas. “Não importa a placa nem a denominação, mas sim
servir ao mesmo Deus”, comenta.
Apolinario não acredita que
igrejas sejam abertas com interesse de tirar dinheiro dos fiéis. “Talvez
aconteça de alguns pastores não administrarem bem o dízimo, mas quem vai para o
inferno é ele”, afirma o vereador.
Segundo pastor, diferencial está
na acolhida aos fiéis
A Comunidade Restaurando Vidas,
na região do Butantã, Zona Oeste, não tem apenas o nome parecido com a do
Jaraguá. Fundada há três anos pelo pastor Joel Correia dos Santos, de 59 anos,
também fica em uma pequena sala, alugada por R$ 650, onde já funcionou uma
oficina. A igreja tem CNPJ, mas ainda está sem registro na Prefeitura. “Falta o
Habite-se, mas estamos conversando. Preservo funcionar dentro da lei”, afirma o
pastor.
Joel nasceu na Batista e foi
também da Carisma antes de abrir a própria igreja, que começou com 15 e hoje
tem cerca de 50 seguidores. Para ele, as pequenas comunidades evangélicas estão
em alta porque os fiéis se sentem mais acolhidos nelas.
“Na nossa igreja, a
gente se vê mais, todos se conhecem bem e têm uma comunhão”, comenta o pastor,
que trabalha na área de compras de uma
empresa paralelamente à missão.
A Igreja Batista Aviva, na
Avenida Lins de Vansconcelos, na Vila Mariana, na Zona Sul, já é um pouco
maior, mas funciona há um ano e meio em um espaço bem inusitado. A comunidade
fica dentro de um posto de combustíveis, ao lado da loja de conveniência. Às
quartas e domingos, os fiéis enchem a sala para os cultos e chamam atenção de
quem para para abastecer ou passa na rua.
As igrejas seguem os mesmos rituais,
com música, pregação e pedido de dízimo.
“Quem dá o melhor receberá o melhor”, repetia o pastor da Aviva, num culto da
semana passada.
Prefeitura não sabe quantas
existem
A Prefeitura não tem estatística
de igrejas, pois elas são registradas como “locais de reunião”. Muitas nem
possuem registro, como é o caso da Restauração em Cristo. “Já estamos nos
regularizando. Está tudo com o contador”, garante o pastor Adriano, ex-traficante de drogas e
ex-dependente químico.
Para funcionar, um templo, em tese, precisa de um
certificado de conclusão da obra, chamado de Habite-se, e licença de
funcionamento. É preciso abrir firma em um cartório como associação sem fins
lucrativos, seguindo algumas exigências. As igrejas estão isentas de pagar
tributos.
Fonte: http://www.redebomdia.com.br
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