No diálogo inter-religioso, Igreja usa "armas de paz e perdão" – Por André Luiz
Dom Francesco é bispo na Diocese de Volta Redonda/Barra do Piraí e membro do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.
Criado em 1988 pelo Papa João
Paulo II, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso tem a missão de
auxiliar o Santo Padre na promoção de relações de amizade com seguidores de
religiões não-cristãs espalhadas por todo o mundo.
Dom Francesco Biasin,
recentemente nomeado membro do Pontifício Conselho para o Diálogo
Inter-religioso, acredita que a relação da Igreja Católica com religiões
não-cristãs é boa. Para o bispo, não há maiores embates entre elas, mas sim,
diálogos construtivos.
“A Igreja prefere continuamente
um caminho de diálogo construtivo que favoreça a paz entre todos os povos,
construída, inclusive através de um relacionamento amistoso,” disse.
Dom Francesco lembra que embora
haja pessoas dispostas a construir a paz, ainda há fundamentalistas
exacerbados. Neste caso é necessário um cuidado para que não haja conflitos,
nem guerras, nem violência.
É preciso distiguir bem entre uma
religião e quem as pratica, disse o bispo. Da mesma forma que existem
extremistas nas Igrejas Cristãs, o mesmo acontece em outras religiões.
A mídia acompanha os recentes
conflitos na Faixa de Gaza, entre o grupo palestino Hamas e as forças armadas
de Israel. Estes conflitos não partem de todo o povo islâmico, mas de
extremistas, o que acontece da mesma forma com Israel.
De acordo com Dom Francesco, a
Igreja combate o extremismo com “armas
de paz e de perdão". “Diante de situações de violência e de perseguição,
por parte de extremistas, a Igreja procura ser prudente, manter sempre uma
presença que não seja provocatória. E, quando ela mesma sofre violência e
perseguição e no seus membros até a morte, a Igreja usa a arma de Jesus que é o
perdão. Essa é a maneira que pode enfrentar situações limites,” disse o bispo.
Católicos e muçulmanos
Em mensagem para o encerramento
do 8º Colóquio entre o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e o
Centro Islâmico para o Diálogo Inter-religioso, o Santo Padre pediu que se
prosseguisse no caminho de diálogo autêntico e fecundo entre católicos e
muçulmanos.
Dom Francesco acredita que o
caminho para este diálogo autêntico e fecundo se dá no favorecimento das
relações interpessoais com os representantes das religiões. Depois, seria
importante reconduzir os diálogos aos textos sagrados, como a Bíblia e o
Alcorão.
Um caminho para a boa relação
Para Dom Francesco, encontrar
pontos comuns entre as religiões pode ser uma alternativa para crescer do
diálogo inter-religioso.
Um ponto sugerido pelo bispo é a
salvaguarda da obra da criação. “Todo esforço que as religiões fazem para
guardar o meio ambiente, a casa do homem, é um esforço que une. Portanto,
guardar a natureza é um ‘chão comum’ onde nós podemos trabalhar pacificamente.”
Outro ponto trata do
reconhecimento de um “Pai comum”. “Pode se chamar com nomes diferentes, mas
muitas religiões acreditam num ser supremo que criou todas as coisas por amor.”
Por fim, Dom Francesco sugere que
as reflexões sejam feitas em torno da valorização da pessoa humana, por se
tratar de um âmbito que muitas religiões
conhecem e que pode ser aproveitado para se estabelecer uma boa relação.
Comentários