Budismo: a crença na lei de causa e efeito - Por Daniela Jacinto
A religião tem origem na Índia, com Saquiamuni, que muitos conhecem por Sidarta Gautama, ou simplesmente buda
Para os budistas, a vida é regida
pela lei de causa e efeito, ou seja, toda ação corresponde a uma reação. Se a
ação for negativa, a consequência também o será, mas se a ação for positiva,
logo a pessoa receberá o bem praticado. Isso é chamado de carma.
A religião tem origem na Índia,
com Sakyamuni, que muitos conhecem por Sidarta Gautama, ou simplesmente buda.
Sakyamuni foi um príncipe que viveu no castelo até os 29 anos, porém deixou a
família, inclusive esposa e filho, para conhecer o mundo. Durante seus 29 anos
de vida, Sakyamuni não sabia o que era o sofrimento humano, já que até aquele
momento seu pai tinha conseguido evitar com que isso acontecesse. Porém quando
saiu do castelo, Sakyamuni presenciou quatro cenas que o levaram a refletir
sobre a vida: nascimento, velhice, doença e morte. decidiu, então, abandonar a
vida de príncipe e saiu em busca de resposta. Com isso, desenvolveu um sistema
de conhecimento gradual.
Por conta disso é que surgiram diversas ramificações
do budismo. A religião, portanto, é tão ramificada quanto o cristianismo. Entre
vários tipos de budismo, um dos mais conhecidos é o tibetano, dos seguidores de
Dalai Lama. "Começaram a ser criadas escolas baseadas nos ensinamentos
parciais de buda, isso porque ele usou fragmentos para explicar o todo, porém
ele expôs toda a iluminação que conseguiu alcançar em seus últimos oito anos de
vida", explica Nilton Sadao Dayo, vice-responsável pela região
metropolitana da Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI), budismo baseado nos
ensinamentos de Nitiren Daishonin.
A BSGI chegou ao Brasil em 1960,
e nesse mesmo ano Daisaku Ikeda trouxe o ensinamento para Sorocaba. Aqui na
cidade, conforme Nilton, não há um templo, mas existe uma sede onde reúnem-se
1.400 associados. "O que fazemos em Sorocaba é uma reunião de leigos. A
sede central é em São Paulo, onde tem um templo", esclarece.
Conforme Nilton, Nitiren
Daishonin resgatou o budismo da forma como Sakyamuni queria que as pessoas
atingissem a iluminação. O budismo de Nitiren acredita que o ensino mais
importante está exposto na Sutra de Lótus. "O budismo Nitiren se baseia na
fé, prática e estudo", acrescenta. É por isso que no budismo de Nitiren
tem graus de estudo e inclusive provas que possibilitam com que os seguidores
avancem em seu nível de conhecimento.
Ainda de acordo com Nilton, os
membros da BSGI acreditam que o ser humano é o que há de mais importante no
mundo. "Então devemos o máximo de respeito a todas as pessoas", diz.
Entre as práticas dos budistas
Nitiren, está a recitação de um mantra sagrado (conhecido também por daimoku),
como forma de resgatar a dignidade de sua própria vida. Por isso repetem várias
vezes as palavras "nam myoho rengue kyo". O mantra quer dizer
"devoto a minha vida à lei mística da simultaneidade de causa e efeito,
pelas três existências da vida". É, conforme Nilton, a essência do budismo
de Nitiren Daishonin: "a força da transformação humana".
Para o budismo Nitiren, o
sofrimento é a incapacidade de lidar com as situações, então com a prática dos
ensinamentos, é possível conseguir muitos benefícios. "A pessoa começa
praticando para resolver um problema imediato, mas o objetivo principal é
atingir a iluminação, se tornar um ser humano indestrutível diante das
adversidades", resume.
Energia para não ficar refém da
doença
A artesã Maria Fernanda Pires
Correia Vieira, 36 anos, passou oito anos da sua vida em cama, com depressão
profunda e ainda sofrendo dor por causa da artrite reumatóide. Ela conta que
tomava remédios caros e o marido precisou trabalhar em dois empregos para
pagar. "Cheguei a receber propostas de emprego, mas no dia da entrevista
eu não conseguia ir, não dava, eu simplesmente não saía da cama", lembra.
Em março deste ano, ela conheceu
o budismo e sua vida começou a mudar. "Um dia recebi um convite para
conhecer o budismo e passei a recitar o mantra sagrado (daimoku). Depois
percebi que pela primeira vez estava saindo para comprar um presente para uma
festa de crianças", diz.
Maria Fernanda, então, passou a
levar uma vida normal. "Não fiquei mais na cama e ainda me livrei de mais
da metade dos remédios para a depressão. E agora que diminuiu a medicação, meu
marido pretende realizar um sonho, que é fazer faculdade de História",
emociona-se.
A artesã conta que tem energia
inclusive para brincar com o filho, de cinco anos. "Hoje tenho disposição
e até jogo futebol com ele. Só vejo alegria na minha frente. Outro dia eu
estava tão feliz que não conseguia parar de sorrir", relata.
Para ela, o budismo dá energia
para não ficar refém da doença. "Me sinto como se tivesse uma luz em cima
de mim, estou muito feliz e com uma esperança muito grande. Já incentivei
outras pessoas a conhecerem", diz.
Durante o tempo em que o budismo
estava sendo apresentado a ela, Maria Fernanda aprendeu alguns princípios
básicos até estar apta para a cerimônia de conversão. Na data em que concedeu
entrevista para a reportagem, Maria Fernanda estava muito feliz porque se
tornou oficialmente budista e recebeu o Gohozon (um pergaminho, objeto de
devoção do budismo ao qual são direcionadas as orações).
O pergaminho representa a vitória
absoluta, a condição do estado de buda, e quando a pessoa ora, assume a mesma
condição do que o objeto significa. "Quando a pessoa reza, faz com que se
manifeste o que o pergaminho representa", esclarece o vice-responsável da
BSGI.
Budistas recitam o damoku diante
do pergaminho para despertar a força que existe em sua vida. "Essa força
existe dentro das pessoas, mas elas precisam de um receptor para que se
manifeste, é como acontece quando a pessoa vê uma cena triste e desperta o
mesmo sentimento", conclui Nilton.
BRASIL SOKA GAKKAI INTERNACIONAL
Endereço: avenida Itavuvu, 611,
Vila Carol
(15) 3211-0872
www.bsgi.org.br
Um budismo diferente
O Santuário Budista Fudô No
Hokora Tendin Sô está instalado há mais de 10 anos em Sorocaba e possui cerca
de 30 membros que prestam atendimento espiritual à comunidade. Conforme o monge
que atendeu a reportagem, a espiritualidade do local é reservada quanto à
exposição na mídia, por isso não foi possível obter mais detalhes. O monge
explicou que a religião é uma adaptação do budismo para o ocidente e acabou se
tornando um sincretismo, unindo conhecimentos de outras religiões. "É um
budismo mais no aspecto prático, fazemos na prática tudo o que o budismo
prega", esclareceu.
Conforme o monge, pessoas de
qualquer religião podem ir até o local e tomar um passe espiritual. Esse passe
ajuda a limpar energias negativas e se a pessoa tiver alguma pendência
espiritual o problema é resolvido espiritualmente.
SANTUÁRIO BUDISTA FUDÔ NO HOKORA
TENDIN SÔ
Endereço: rua Catanduva, 317,
Jardim Morumbi 2
Horário de atendimento: terça,
quinta e sexta-feira, das 13h às 18h; e aos sábados das 8h às 11h e das 13h às
16h
Telefone: (15) 3228-2578
Comentários