Salt Lake City, um passeio entre a fé e o paganismo - Por Cristiano Dias


Diante do constante isolamento, Salt Lake City pode ser uma boa forma de reemergir para a civilização. Não que a cidade seja o suprassumo do cosmopolitismo, longe disso. 

Mas também não deixa de ser uma região metropolitana com mais de 1 milhão de habitantes, shoppings gigantescos, parques, restaurantes gregos, mexicanos, indianos, um bom lugar para se conhecer a gastronomia finlandesa e até algumas churrascarias brasileiras.

O marco zero da fé mormonista é Temple Square, onde está o templo de Salt Lake, o maior e mais importante da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O prédio de três torres, que carrega um estilo eclético, misturando neogótico com elementos românicos, levou 40 anos para ser erguido e só foi concluído em 1893.

A circunspecção religiosa, contudo, impede o visitante de entrar no templo. As primeiras fotografias do interior do edifício só foram autorizadas em 1938, publicadas pela revista Life. No entanto, logo ao lado, é possível satisfazer parte da curiosidade assistindo ao Coral do Tabernáculo Mórmon e à Orquestra de Temple Square, todos os domingos, às 9h30.

O concerto Music and the Spoken Word é gratuito, dura apenas meia hora e é transmitido pela internet e por emissoras de rádio e TV de todo o país, é a transmissão mais antiga dos EUA, feita ininterruptamente desde 1929. Entra quem chegar primeiro. Portanto, convém acordar cedo.

Outra referência é o Great Salt Lake, lago salgado de 4,4 mil quilômetros quadrados que deu nome à cidade. A salinidade varia de 5%, na parte sul, a até 27%, no norte. O lugar ideal para se apresentar ao lugar é Antelope Island, santuário que serve de refúgio para búfalos, coiotes, corujas e antílopes.

A ilha é o cenário perfeito para o esporte mais praticado em Utah: a montaria. Ao lado do Garr Ranch funcionam os estábulos do R & G Horse and Wagon (randghorseandwagon.com), que oferece cavalgadas guiadas de uma hora (US$ 50) ou duas horas (US$ 90) para grupos de oito pessoas ou mais. É o mais próximo que alguém pode chegar de se sentir como John Wayne ou Indiana Jones.

Apesar do retraimento e da austeridade dos mórmons, a noite de Salt Lake City pode ser uma aventura pagã para quem souber escolher o bar certo. O Keys on Main (keysonmain.com), no centro da cidade, é uma alegoria do sudoeste dos Estados Unidos, um pub onde subsiste o duelo de pianos, costume quase tão tradicional quanto a própria religião. É a revelação do estereótipo do jeito americano de divertimento: boa cerveja, músicos espetaculares que se insultam, mulheres virando copinhos de tequila e homens gastando palavrões. 

Tavernacle Social Club (tavernacle.com), Murphy's Bar (murphysbarandgrillut.com) e Cheers to You (cheerstoyouslc.com) são outras alternativas de ótimos inferninhos em pleno quartel-general do mormonismo.




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