Haitianos criam “pequena Porto Príncipe” nas ruas de Porto Velho Por Francisco Costa
Imigrantes haitianos que se
aventuraram em busca de melhores condições de vida no Brasil acabaram se
aproximando entre si e criaram redutos em Porto Velho (RO).
A capital de Rondônia é um dos
principais destinos dos haitianos que chegaram após o terremoto de 2010, que
devastou o país caribenho.
Hoje, a capital de Rondônia já
tem ruas em que a maioria dos moradores é de haitianos, instalados no centro e
em bairros da periferia.
Eles dividem imóveis como
quitinetes pelo aluguel médio de R$ 500 e costumam se reunir à noite nas ruas,
que se transformaram em "pequenas Porto Príncipe", uma referência à
capital do Haiti.
O governo de Rondônia oferece
aulas de português aos imigrantes, mas o idioma que predomina nos redutos é o
creole, língua falada pela maioria dos haitianos.
Segundo o governo, 792 se
instalaram na capital, que tem como atrativo as obras das usinas hidrelétricas
de Jirau e de Santo Antônio, no rio Madeira. Cerca de cem imigrantes trabalham
nas obras.
Apesar de trazerem os costumes na
bagagem, os imigrantes ainda tentam se adaptar à vida no Brasil.
"Sinto falta do vodu
[religião de raiz semelhante ao candomblé] e deixei todas as minhas músicas.
Mas gosto de 'Ai, Se Eu Te Pego' [sucesso do cantor Michel Teló], vou à igreja
evangélica e jogo futebol", diz Jhony Wills, 26.
Marie Iolene Brusna, 29, que
conseguiu trabalho como auxiliar de limpeza no shopping da cidade, diz estar
feliz no Brasil, mas lamenta não ter conseguido trazer os quatro filhos que
deixou no Haiti aos cuidados da mãe.
"Os haitianos são todos
irmãos; aqui não esquecemos nossos costumes. A comida é o que mais dá
saudade", diz.
Os haitianos também se reúnem
para rezar. Eles montaram até uma pequena igreja evangélica, que reúne cerca de
cem imigrantes nos fins de semana. No idioma nativo, eles rezam e cantam no
local. Na fachada, foi pintada a bandeira do Haiti ao lado da brasileira.
Letesse Vilsant, 32, que deixou
dois filhos e a esposa em Porto Príncipe, é um dos pastores. "Ouvir a
música gospel do Haiti aqui no Brasil me aproxima da minha terra", diz
Vilsant mostrando uma caixinha de som.
Como a maioria deixou familiares
para trás com o objetivo de trazê-los mais tarde, os haitianos de Porto Velho
mostraram preocupação ao serem avisados pela reportagem de que a cota de vistos
concedidos pelo Brasil já se esgotara, como informou a Folha em 8 de dezembro.
"Quero trazer minha mulher e
meu filho de dois anos para Porto Velho, onde tem trabalho. Não sabia do limite
[de vistos]. O que vou fazer agora?", disse Delfin Vital, 23, há dois anos
em Rondônia.
Fonte: http://www.rondoniaovivo.com
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