Psicografia como prova jurídica (XLV) Xenoglossia – Por Guilherme Rossiny e Ismar Estulano Garcia
O fenômeno de xenoglossia ocorre
quando uma pessoa, em transe, passa a falar em língua totalmente desconhecida
por ela, ou seja, a fala espontânea em língua que não foi previamente
aprendida.
No caso, o médium tem o dom de falar língua estrangeira que lhe é
desconhecida. As explicações científicas de xenoglossia quase sempre colidem
com as justificativas religiosas.
O assunto “xenoglossia” pode ser
relacionado tanto como argumento contrário à psicografia quanto pretensão de
provar a imortalidade da alma. Na primeira hipótese existe a intenção de que,
em vários casos concretos, foi possível determinar, mediante pesquisa
criteriosa, que as línguas faladas pela pessoa apresentavam histórico de
contato com alguém que as falavam, ou então visualização escrita da língua tida
como desconhecida. Seja oral ou escrita, o contato, mesmo que momentâneo,
propiciaria gravar no inconsciente da pessoa conhecimentos que poderão ser
exteriorizados anos depois. E isto pode ocorrer mesmo não havendo fraude. Não
se sabe por que, mas a realidade é que a língua contatada ficaria registrada no
inconsciente. Sem dúvidas, o
inconsciente é a melhor escola de línguas.
Nos casos concretos de
xenoglossia a fraude é eleita como primeira opção para investigar. A história
do tema está repleta de ocorrências, aparentemente inexplicáveis, que
investigações bem conduzidas permitiram detectar condutas fraudulentas com
demasiada frequência. De outra parte, há registros de xenoglossia falante em
que o médium, em transe, fala línguas que não conhece. Igualmente, pode ouvir
espíritos em outros idiomas, bem como psicografar em língua por ele
desconhecida. Comunicações xenoglóssicas constam tanto de tratados e
monografias quanto no Velho e Novo Testamento.
“Falar línguas estrangeiras sem
tê-las aprendido (...) O fenômeno foi chamado por Charles Richet de xenoglossia
(do grego xenos = estrangeiros, e gloto = falar). Em Teologia o fenômeno é mais
comumente chamado “glossolalia” (falar línguas). Lamentavelmente, porque
glossolalia em psiquiatria significa o tagarelar histérico, sem sentido, igual
que o também erradamente chamado ‘Dom das línguas’ entre as seitas
pentecostais, etc. Xenoglossia propriamente dita: falando com propriedade,
xenoglossia é empregar línguas desconhecidas pelo consciente. Usamos o termo
empregar para incluir a xenoglossia falada, escrita, pelos movimentos da mesa,
ou qualquer outro sistema de expressão.
A xenoglossia escrita, etc. não
se diferencia da xenoglossia falada. A única diferença é meramente extrínseca.
Mais ainda: a escrita automática, etc. facilita a manifestação da xenoglossia,
ficando tudo no âmbito do inconsciente. As ideias inconscientes expressam-se inconscientemente
por meio de movimentos reflexos automáticos, da mão que segura o lápis (ou
pêndulo, copo, mesa, etc.). O fenômeno em si é simples. O ‘mistério’ da
psicografia e fenômenos afins provém de outros fenômenos que explicam donde vêm
as ideias, estilo, etc. manifestados” (Centro Latino Americano de
Parapsicologia. Disponível em: Acesso em: 12 mar. 2008).
Os defensores da ausência de
explicação científica para a xenoglossia concordam que fraudes existem, mas
ocorrem situações que não caracterizam fraude e nem se encontram explicações
científicas para o fenômeno. Alegam tratar-se de espírito que, em vidas passadas,
teve contato com a língua atualmente falada, e que era desconhecida pela pessoa
nesta encarnação. Para eles as tentativas de explicações científicas não
prosperam porquanto, não raro, ocorre que o idioma falado no estado de transe
não mais seja praticado em qualquer localidade, o que significa que não se
trata de língua viva.
Até que se poderia encontrar
explicação científica se a língua falada fosse usada no ambiente em que a
pessoa nasceu e/ou viveu. Se tal ocorresse, a mente poderia registrar e
armazenar no inconsciente o que ouviu e, posteriormente, repetir. Isso não
acontece quando se trata de língua morta. Não há como explicar cientificamente
o fenômeno.
“Do ponto de vista teórico, a
‘mediunidade poliglota’ se mostra uma das mais importantes manifestações da
fenomenologia metapsíquica, pois, por ela, se eliminam de um só golpe todas as
hipóteses de que disponha quem queira tentar explicá-las, sem se afastar dos
poderes supranormais inerentes à subconsciência humana, porquanto a
interpretação dos fatos, no sentido espiritualista, se impõe aqui de forma
racionalmente inevitável. Quer isto dizer que, graças aos fenômenos de
‘xenoglossia’, se deve considerar provado que, nas experiências mediúnicas,
intervêm entidades espirituais extrínsecas ao médium e aos presentes” (Bozzano,
Ernesto. Xenoglossia -mediunidade poliglota. 5. Ed. Brasília: FEB – Federação
Espírita Brasileira, 2008, p. 7/8).
(Ismar Estulano Garcia, advogado,
ex-presidente da OAB-GO, professor universitário e escritor)
Fonte: http://dm.com.br
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