Professores e estudantes comentam estudo da teologia hoje
“Não se pode entender o mundo
atual e suas perspectivas sem um mínimo de conhecimento teológico”, afirmou
Carlos Alberto Libânio Christo, o frei Betto, frade dominicano e escritor, em
um artigo elaborado para discutir a importância do estudo da teologia.
Há, no
Brasil, várias faculdades e institutos que se dedicam ao ensino sério de uma
teologia inserida na realidade. “Ora, se olharmos em volta”, continuou o frade,
“vemos que a teologia se faz necessária e atual”.
Segundo frei Betto, os
desdobramentos do Concílio Vaticano II exigem um novo perfil de Igreja e uma
nova evangelização, na qual os leigos desempenham papel preponderante.
"O
aprendizado da teologia permite compreender melhor as resistências de setores
católicos às decisões do Concílio. Enganam-se aqueles que pensam ser a teologia
uma “metafísica dos anjos”. Ela é um amplo leque de possibilidades de apreensão
do mistério que imprime à nossa existência um caráter transcendente”, disse.
Assim, o conhecimento teológico
pode suprir a necessidade de uma atualização catequética, tornando a
experiência do fiel mais madura e plausível ao mundo de hoje. “O estudo da
teologia articula conhecimentos religiosos com outros ramos do saber, como
filosofia, antropologia, ecologia, astrofísica”, afirmou frei Betto em seu
artigo.
O livre docente em teologia e
professor da PUC-SP, Afonso Soares, recordou o escritor e também teólogo Rubem
Alves, ao falar ao jornal arquidiocesano O SÃO PAULO sobre a teologia na sua
vida.
“Teologia, dizia Rubem Alves, é o que conseguimos falar diante do
mistério, ou seja, a partir de nossa experiência de Deus. Pensar que o teólogo
explica ou descreve o mistério é falso. Para mim, estudar teologia sempre foi
um exercício de tradução do que está consignado como revelação divina para
categorias que tentem dialogar com os anseios do homem e da mulher de hoje”,
declarou.
Gabriel Frade é casado, pai de
três filhos e leciona teologia na Universidade Salesiana, no Mosteiro de São
Bento de São Paulo e na Faculdade de Teologia Paulo VI. Para ele, é fundamental
um laicato bem formado para contribuir nas diversas frentes que demandam a
presença qualificada da Igreja.
“Apesar de os documentos da
Igreja atribuir grande importância na formação do laicato, constato que o campo
do estudo da teologia para os leigos é ainda restrito. Vejo que lecionar
teologia é fruto da aspiração do Vaticano II, que nos apresenta a Igreja não em
chave de poder, mas em chave de comunhão fraterna”, comentou Gabriel.
“Certamente, temos motivos para
ter esperança numa Igreja capaz de corresponder aos desafios da vida moderna.
Os cursos para leigos ministrados nas paróquias, regiões e as faculdades são
caminhos que, apesar das dificuldades, nos tornam mais conscientes e
conhecedores da própria fé. Com a graduação em teologia, tenho a perspectiva de
uma formação mais sólida para o testemunho e exercício pastoral”, declarou à
reportagem o estudante do 3º ano de teologia da PUC-SP, Gilberto Macedo, que
também é candidato ao diaconato permanente.
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