SP vive uma nova onda imigratória síria
Uma das colônias que mais
influenciaram a vida paulistana no último século voltou a crescer.
A
nacionalidade síria, que nem sequer constava mais da lista de refugiados no
Brasil, passou a ocupar o sexto lugar em 2012 e a maioria dos imigrantes acaba
em São Paulo, onde foram feitos 67% dos pedidos. Para acolher os
recém-chegados, comerciantes e empresários compatriotas arrecadam recursos para
alugar casas e comprar comida.
O motivo da nova onda migratória
é a guerra civil no país do Oriente Médio que, prestes a completar dois anos,
já matou cerca de 70 mil cidadãos e obrigou mais de 700 mil a fugir. O vendedor
Jihad Mohammed, de 33 anos, foi um deles, saiu da Síria com a família após ter
a casa destruída por um míssil. Subornou agentes do Exército para chegar ao
Líbano e de lá vir para o Brasil. "Se voltar, eu morro."
Desde 2011, quando começou a
revolta contra o ditador Bashar Assad, os sírios fizeram 121 solicitações de
refúgio ao Brasil. No ano passado, foram 82, atrás apenas de Colômbia (167),
Senegal (129), Guiné (123), Bangladesh (103) e Congo (99). O número, porém, não
reflete a realidade. "Deve haver muito mais gente que não fez a
solicitação", diz Andrés Ramires, representante do Alto Comissário das
Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Brasil.
A escolha do Brasil como destino
não é aleatória. Por questões econômicas, os sírios começaram a se estabelecer
aqui como mascates ainda no século 19 e prosperaram no setor de armarinhos. Em
São Paulo, ocuparam áreas comerciais tradicionais, como a Rua 25 de Março e o
Bom Retiro. Com o tempo, ganharam influência também nas universidades e na
política.
Há 15 anos na capital, o
comerciante Amer Masarani, de 41, integra um grupo de auxílio aos compatriotas.
"Nos juntamos para alugar cinco casas, onde vivem cerca de 20 pessoas.
Mais gente nos procura, mas não temos condições de ajudar", diz ele, que
reclama da falta de apoio do governo brasileiro, que diz que repassa verba a
entidades como a Cáritas Diocesana.
Sem distinção. O padre Gabriel
Daho, de 42 anos, da Igreja Sirian Ortodoxa Santa Maria, diz que "pessoas
de mãos virtuosas" da comunidade têm feito doações e arrumado empregos
para refugiados, sem fazer distinção entre cristãos e muçulmanos.
"A Síria
nunca fez diferença entre raças e religiões e sempre abriu os braços para
pessoas de países em guerra", diz. Ele apoia cerca de 20 pessoas e faz às
vezes de professor de português.
Fonte: http://estadao.br.msn.com
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