Museu da Armada de Paris inaugura mostra pluralista sobre Napoleão – Por Estíbaliz Ortiz de Orruño
O Museu da Armada de Paris
inaugurou nesta quarta-feira uma exposição que aborda a figura do imperador
Napoleão Bonaparte de um ponto de vista pluralista em relação ao restante dos
países europeus, a qual destaca um esboço do pintor Francisco de Goya sobre o
fatídico 2 de maio de 1808 em Madri.
Reunindo 250 obras vindas de
aproximadamente 50 museus, a exposição:
"Napoleão e Europa"
pretende
não só apresentar um testemunho da ambição europeia de Napoleão entre 1793 e
1815, mas também retratar as múltiplos reações que surgiram em toda Europa,
tanto de adesão como de resistência.
Emilie Robbe, curadora da mostra,
explicou à Agencia Efe que a ideia é "revelar ao público francês uma visão
totalmente nova e que não se reduz a um olhar 'francocêntrico', mas busca um
cruzamento de todos os olhares sobre Napoleão".
De acordo com Elilie, "a
exposição confronta peças vindas de toda Europa para fazê-las dialogar entre
si, sendo que esse diálogo aborda as distintas partes do conflito que rege esta
exposição cronológica".
Ao longo do percurso, a
propaganda se mostra com grande valor, tanto de um lado como do outro, no que
supõem símbolos para promover o poder do novo imperador francês no mundo todo,
mas também para zombar dele ou para apresentá-lo como um agressor, como
ilustram as caricaturas expostas, muitas delas inglesas.
Espanha e a Guerra da
Independência (1808-1814) travada por esse país contra a invasão francesa
também ocupam um espaço nessas reações europeias através de vários objetos.
O mais destacado deles é um
esboço do pintor espanhol Francisco de Goya sobre a revolta popular contra as
tropas napoleônicas no dia 2 de Maio de 1808 em Madri, que foi cedido
temporariamente pelo museu Ibercaja de Zaragoza.
A mostra também traz alusões ao
assédio desta cidade, símbolo da resistência espanhola, em diversos quadros,
assim como retratos de época dos heróis locais, como Agustina de Aragón,
assinado pelo artista Juan Gálvez.
A Batalha de Vitoria (21 de junho
de 1813), que completa 200 anos e que supôs o início da derrocada da aventura
napoleônica na Espanha, aparece refletida em uma caricatura feita em Londres
pelos aliados britânicos, que se felicitam pelo golpe que supôs a disputa para
as tropas francesas.
"Nesta coleção há de tudo:
quadros e esculturas muito conhecidos, mas também coisas completamente
inesperadas e inéditas, como pequenos leques, caricaturas, joias e armas muito
insólitas", detalhou a curadora.
Entre estas peças, se encontra o
uniforme usado pelo almirante Nelson na batalha de Trafalgar (1805), que
aparece descosturado no ombro esquerdo por causa de uma bala francesa que
atingiu o herói britânico, a mesma que lhe causaria a morte.
"Napoleão e Europa"
também apresenta ao público o enorme quadro do pintor francês Jacques Louis
David, o qual representa Bonaparte vestido com seu uniforme sobre um cavalo
branco e com o braço estendido.
Esta obra constitui um dos
retratos mais conhecidos de Napoleão e, contraditoriamente, foi ordenada pelo
rei espanhol Carlos IV, "impressionado pela aura" do novo líder
europeu, segundo os organizadores, antes que as relações entre ambos os países
se deteriorassem.
Um quadro assinado pelo artista
britânico Thomas Buttersworth representa o início da batalha de Trafalgar
(1805), na qual a frota franco-francesa perdeu 20 navios de um total de 33 e
que supôs o começo do conflito entre ambas as potências.
A mostra "Napoleão e
Europa" ficará aberta ao público no Museu da Armada, no parisiense Hotel
dos Inválidos, até o próximo 14 de julho, coincidindo com a festividade
nacional, que lembra a tomada da Bastilha em plena Revolução e o começo da 1ª
República da França.
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