Católicos e adeptos das religiões africanas prestam homenagem a São Jorge – Por Nathane Dovale
O dia de São Jorge, comemorado nesta terça-feira
(23), segue a tradição de ser celebrado nas religiões cristãs ligadas ao
catolicismo e nas de origem africanas, como candomblé e umbanda.
Orações, agradecimentos e festas são as maneiras
que, tanto a Igreja de São Jorge, localizada no bairro que recebe o mesmo nome,
zona oeste de Manaus, quanto no Terreiro de Umbanda do Pai Anastácio, na Rua
Santos Dumont, São Geraldo, zona centro-sul encontraram para homenagear o santo
conhecido como ‘guerreiro’.
Segundo o
pároco da Igreja de São Jorge, Frei Agostinho, a devoção a São Jorge aumenta a
cada ano, independente da religião.
“Cada ano
eu percebo que o público cresce na devoção. Foi um santo que foi cativado pelo
pensamento de Jesus, então, ele é visto como um modelo de coragem por tudo que
passou, mesmo com esse sincretismo religioso ele consegue chegar a todos”,
explicou.
As
comemorações a São Jorge iniciaram no último sábado (20) com um tríduo e
termina hoje, com a procissão às 18h seguida de missa. A igreja será aberta às
6h para receber os devotos.
Desde os
anos 70, o Terreiro do Pai Anastácio prepara a festa para São Jorge. Segundo o
pai de santo Anastácio, todo ano ele recebe de 200 a 300 devotos.
A
programação inicia às 19h com um jantar para os umbandistas, médiuns, pais de
santo e convidados e logo após danças e orações se estendem até às 23h.
“São
Jorge é o santo que protege a umbanda, o chamamos de Ogum, e para a gente é
quem nós dá proteção e defesa”, explicou.
O
Terreiro do Pai Henrique, no Conjunto Renato Souza Pinto 2, Cidade Nova, zona
norte, e o Terreiro de Mãe Maria do Jacauna, no Zumbi dos Palmares, zona leste,
também realizarão festas em homenagem ao santo.
Para o
coordenador geral da Coordenação Amazônica da Religião de Matriz Africana e
Ameríndia (Carma), doutor Alberto Jorge, embora haja uma predominância
hebraico-cristã, a devoção pelo santo é forte fora desta ordem .
"São
Jorge tem um papel importante dentro da autonomia da população negra. Seu valor
é significativo, pois é um convite à reação e a luta", disse.
São Jorge
entrou no universo africano por meio do sincretismo religioso, pois os negros
que vieram para o Brasil, no processo de escravização, precisaram aderir às
crenças da Igreja Católica.
"Os
negros eram proibidos de cultuar suas dinvindades e passaram a cultuar os
deuses católicos. Então, o jeito era burlar essa regra, da forma que o santo
católico ficava no altar e enterrado abaixo deste altar estava otá, a pedra
consagrada à natureza desses deuses negros, seus orixás", explicou doutor
Alberto. Ogum, o deus guerreiro, é o orixá associado a São Jorge.
O burlo
dava tão certo, que quando a inquisição chegava e observava os negros louvando,
eram surpreendidos pela justificativa de "estamos cantando para o seu
deus, mas na nossa língua".
Histórico de São Jorge
A
história conta que São Jorge nasceu no ano de 275, na Capadócia, que hoje é
território da Turquia. Jorge se tornou soldado do exército romano e, aos 23
anos, se tornou tribuno militar. Ao ver que o imperador perseguia e matava os
cristãos, o tribuno passou a defendê-lo e, por isso, foi torturado e degolado.
A tradição
de que São Jorge matou um dragão surgiu apenas em meados do século XII. O
dragão simboliza a idolatria destruída com as armas da fé cristã. As manchas na
lua, segundo a história conta, representam o milagroso santo e sua espada
pronto para defender os que buscam sua ajuda.
Na
umbanda, o santo representa a vitória sobre o mal que existe na alma de todos
os seres, males como o egoísmo, medo e tantos outros.
São Jorge
já foi homenageado na música nacional por Caetano Veloso, Jorge Ben, Maria
Bethânia, Racionais MC's, Fernanda Abreu, Zeca Pagodinho e até pela banda de
metal Angra. Na música internacional, a banda de heavy metal Iron Maiden,
também falou de São Jorge na música "Flash of Blade".
Fonte: http://www.d24am.com
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