Religião e sociedade – Por Brissos Lino
Apesar de habitualmente relegada pelos políticos e
intelectuais para a secção do arquivo morto das sociedades, a verdade é que a
religião está ligada ao desenvolvimento económico de um povo.
A maior
parte dos jornais generalistas reservam secções para tudo e mais alguma
coisa, mas nunca para assuntos religiosos. E quando pegam na temática é
sempre por uma perspectiva negativa, para realçar algum escândalo ou
dificuldade, ou à boleia de uma outra questão, como o aborto ou coisa
parecida.
Segundo
Ana Campos, articulista do Expresso, há estudos que “demonstram que as religiões preponderantes
nos países desenvolvidos acreditam que os indivíduos podem controlar
relativamente o seu destino, contribuindo assim para o seu desenvolvimento.
Ao contrário, as religiões que promovem a resignação, atribuindo ao indivíduo
um papel irrelevante no seu próprio destino, demonstram um subdesenvolvimento
da sociedade onde estão inseridas.”
Estamos
perante uma questão de valores, uma dada de filosofia de vida que acaba por
influenciar crentes e mesmo não crentes em cada sociedade. Tal estrutura de
pensamento religioso leva as pessoas a encararem de formas diferentes a
realidade económica com a qual se confrontam.
Por
exemplo, a teologia do trabalho pode fazer a diferença. Os que encaram o
mesmo como castigo ou maldição comportar-se-ão de forma diversa daqueles que
olham para o trabalho como uma actividade (e oportunidade) de realização
pessoal e dignificação humana.
A
inveja social ou o tipo de atitude que se tem perante a ambição, a
prosperidade e mesmo a riqueza, o valor do tempo e da vida ou a importância
da família, assim como a legitimidade dos meios para atingir os fins, hão-de
determinar muito daquilo que se faz e como se faz. Mas também os conceitos de
gratificação presente e futura.
Dois
editores da prestigiada Economist explicam em “O Regresso de Deus” (Quetzal,
2010) como o regresso da fé está a mudar o mundo. Convinha que os cientistas
sociais se deixassem de preconceitos e se debruçassem sobre este tipo de
fenómenos.
Fonte: http://www.setubalnarede.pt
|
Comentários