Em busca de fiéis, Igreja quer reativar as CEBs – Por Lúcio Pinheiro
Histórico
militante das Comunidades Eclesiais de Base e um dos fundados desse movimento
na década de 1980, o padre Umberto Guidotti, afirma que a retomada das CEBs, no
papel, já aconteceu outras vezes. Mas na prática, a Igreja Católica tem
esvaziado a pauta.
“A retomada das CEBs, no papel, faz um bocado de ano. Desde
2007, quando o Papa Bento 16 veio ao Brasil e se falou dessa retomada”, disse o
religioso.
Na 51º
Assembleia Geral dos bispos, realizada em Aparecida (SP), na semana passada, a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), incluiu as CEBs entre as
iniciativas para recuperar a presença da Igreja Católica nas áreas pobres, onde
perde fiéis para evangélicos.
As CEBs
foram incentivadas pelo Concílio Vaticano 2º (1962-1965) e pela Teologia da Libertação.
São comunidades organizadas em torno das paróquias, capelas, centros sociais ou
associações comunitárias por iniciativa de leigos, padres ou bispos.
Ligadas à
Igreja Católicas e atentas às questões sociais e políticas, nos anos de 1970 e
1980, quando se espalharam pelo Brasil e a América Latina, as CEBs se
caracterizaram pela união de princípios cristãos e uma ótica de esquerda.
Para
Umberto Guidotti, um dos obstáculos à retomada das CEBs reside na falta de
identificação dos próprios religiosos com os princípios norteadores das
comunidades.
“Enfrentamos uma dificuldade agora: mudaram praticamente todos os
bispos brasileiros no Vaticano; Os padres atuais são jovens que têm os mesmos
vícios da juventude moderna. São consumista e individualista. No papel é fácil
mas, na prática, a maioria dos padres não está convencida”, afirmou o padre que
por mais de 20 anos atuou no Amazonas e, hoje, divide o sacerdócio em
atividades em São Raimundo das Mangabeiras e São Luiz, no Maranhão.
Para o
religioso, se a igreja der mesmo atenção às CEBs, será um avanço. “Mas é bom
retomar às CEBs. Porque não voltar as CEBs? Os pobres vão continua
desamparados, e a igreja perdendo espaço. Sempre fui a favor das comunidades. E
fui um dos fundadores dela”, disse Guidotti.
As CEBs,
de acordo com o padre, "passaram por um período de sofrimento nos papados de
João Paulo 2º e de Bento 16. Porque eles preferiram os novos movimentos
carismáticos, a Opus Dei. E as CEBs não receberam apoio porque foram acusadas
de seguir linha política social”, afirmou Umberto Guidotti.
Para o
padre, não há dúvida (que Igreja Católica perdeu espaço). “E a culpa é da
igreja católica, sobretudo da hierarquia da igreja. Os pobres foram para
periferia e a igreja não foi. Foram os pastores. Os pobres foram para a
Amazônia, e os padres não. O único apoio foi a capelinha dos pastores”, disse.
Tentativa é parta identificar falhas
A evasão
de fiéis católicos para outras religiões e o porcentual dos que dizem ter
“perdido a fé”, tema recorrente nas reuniões da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) há mais de dez anos, voltaram à pauta da 51ª
Assembleia Geral da entidade, em Aparecida, no Vale do Paraíba (SP), para
responder uma pergunta: onde a Igreja falha?
Mais do
que as deserções, também vistas como conversões, preocupa a Igreja Católica a
quantidade de fiéis que justificam a mudança com o argumento de que encontraram
em outras comunidades um Jesus que o apostolado católico não lhes mostrou. Ou,
ainda, o número dos que declaram não ter nenhuma religião.
Dos
64,4% da população que professa a fé no catolicismo,de acordo com levantamento
do Censo 2010, do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE),
72,2% estão no Nordeste, 70,1% no Sul e 60,6% no Norte. Os católicos são mais
numerosos entre os devotos com mais de 40 anos, atingindo 75,2% na faixa de 80
anos ou mais. Quanto à porcentagem restante, a análise mostra que 22,2%
declaram-se evangélicos, 8% sem religião, 3% seguidores de outros credos e 2%
espíritas.
Fonte: http://acritica.uol.com.br
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