Grande rabino da França renuncia por escândalo de plágios
O grande rabino da França, Gilles Bernheim, que
admitiu ter feito diversos plágios e usurpado um título em filosofia, anunciou
nesta quinta-feira sua renuncia, após um escândalo que fragiliza o Consistório,
a instituição oficial judaica na França.
Gilles Bernheim anunciou sua licença imediata
durante uma reunião excepcional do conselho do Consistório, indicou o
vice-presidente do Consistório de Paris, Elie Korchia.
O grande rabino, que admitiu ter plagiado vários
autores e mentido sobre uma agregação como professor universitário de
filosofia, havia anunciado na terça-feira que não renunciaria.
Mas acabou por ceder após a convocação do
conselho do Consistório central, formado por 30 membros.
"Ele admitiu seus erros, pediu perdão e deu
explicações. Ele aceitou o afastamento de suas funções como grande
rabino", declarou à AFP Sammy Ghoslan, vice-presidente do Consistório, no
final da reunião.
"Esta é uma solução que traz mais
serenidade. Estávamos todos de acordo", disse, acrescentando que todas as
prerrogativas de Gilles Bernheim "serão asseguradas por um interino que
será nomeado esta semana pelo presidente do Consistório".
"Foi a decisão correta. Todos concordaram
com esta solução, que protege o homem em primeiro lugar e, em seguida, protege
a função e o Consistório", comentou por sua vez Gahnassia Jacques-Hubert,
presidente da uma sinagoga em Paris.
"Rabino filósofo"
Gilles Bernheim, de 60 anos, eleito grande rabino
da França em 2008 para um mandato de sete anos, havia excluído a possibilidade
de uma renúncia, considerando que seria uma "deserção", apesar de
reconhecer vários episódios de plágio, descritos como "empréstimos"
em diferentes obras, principalmente na consagrada ao casamento homossexual, que
foi citada pelo papa Bento XVI em dezembro de 2012.
Ele também admitiu que não obteve a agregação de
filosofia, ao contrário do que é indicado em várias biografias, justificando
que "deixou que dissessem" esta mentira após um "evento
trágico" em sua vida.
Ele não citou qual teria sido este evento que
conduziu à tal mentira.
Apelidado de o "rabino filósofo",
Gilles Bernheim construiu uma sólida imagem de intelectual e guia moral, que
acabou por se desfazer com as revelações de suas mentiras.
Aberto, ao mesmo tempo que ortodoxo, ganhou
respeito ao expor sua visão sobre questões sociais relacionadas a eutanásia,
casamento, igualdade entre sexos e AIDS.
Refinado e elegante, Gilles Bernheim conquistou
muitos partidários para além da comunidade judaica por sua abertura a outras
religiões.
Com cerca de 600.000 habitantes, a comunidade
judaica francesa se dividiu sobre o futuro do grande Rabino, como evidenciado
pelas discussões nas redes sociais. Alguns o defenderam incondicionalmente,
enquanto outros pediam sua renúncia.
O escândalo se espalhou pelo Consistório central,
único interlocutor das autoridades, já enfraquecido pela ascensão de movimentos
autônomos.
Em dez anos várias sinagogas independentes do
Consistório foram criadas para manter autonomia financeira ou para escolher o
seu próprio rabino, dividindo-se em três ramos principais: um liberal, os
Lubavitch, um movimento ultra-ortodoxo com aproximadamente 12.000 famílias, e
os Masorti (conservadores).
Fonte: http://www.em.com.br
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