Kroton e Anhanguera se unem e criam gigante de R$13 bi em educação - Por Alberto Alerigi Jr. e Vivian Pereira
As duas maiores
companhias de ensino privado do país, Kroton e Anhanguera Educacional,
anunciaram nesta segunda-feira uma fusão que criará um grupo avaliado em cerca
de 13 bilhões de reais, incluindo dívidas, e geração de caixa próxima de 1
bilhão de reais este ano.
Pelo acordo aprovado pela
diretoria de ambas as companhias, a Kroton vai incorporar a Anhanguera em uma
troca de ações estimada em 5 bilhões de reais.
O negócio ocorre num momento
aquecido para fusões e aquisições no setor de educação no país, diante da
ascensão social de milhões de brasileiros e aumento da renda.
Kroton e Anhanguera, que
cresceram rapidamente nos últimos anos em meio a incentivos governamentais para
o ensino privado e aquisições de companhias menores, evitaram comentar
potencial de sinergias com a fusão, mas afirmaram que elas serão "bastante
relevantes" em termos de receitas, operações comerciais e em custos e
despesas gerais e administrativas.
O anúncio fazia as ações de
ambas dispararem na bolsa paulista. Às 12h45, Kroton exibia valorização de 7,40
por cento enquanto Anhanguera tinha ganho de 6,82 por cento. Os papéis não
integram a carteira teórica do Ibovespa, que caía 0,41 por cento.
"Considerando as
estimativas divulgadas pelas companhias anteriormente, o Ebitda da companhia
chegará próximo a 1 bilhão de reais em 2013", afirmou o presidente da
Kroton, Rodrigo Galindo, que será o futuro presidente-executivo da empresa
combinada após a aprovação do negócio por autoridades de defesa da
concorrência.
No ano passado, o Ebitda, sigla
em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação, das
duas empresas juntas ficou em pouco mais de 700 milhões de reais.
"Nós já éramos a primeira
e a terceira maiores companhias do mundo em valor de mercado e juntas somos
mais que o dobro que a segunda maior companhia de educação do mundo, a New
Oriental", disse Galindo em teleconferência com analistas.
Segundo ele, o
valor de mercado de Kroton e Anhanguera juntas chega a 5,9 bilhões de dólares.
A chinesa New Oriental tem valor de 2,9 bilhões de dólares.
A transação confirma a estratégia
da Kroton de mirar aquisições de grande porte. No início de abril, Galindo
havia afirmado em entrevista à Reuters que daria prioridade a aquisições de
instituições de grande porte voltadas ao ensino presencial.
Enquanto a Kroton está mais
concentrada em ensino superior no Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Santa
Catarina e Paraná, a Anhanguera está presente em São Paulo, Mato Grosso do Sul,
Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A nova empresa terá cerca de 1
milhão de alunos entre ensino superior presencial e a distância e educação
básica, que continuará nos planos dos grupos, disse Galindo.
As empresas evitaram fazer
comentários sobre quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
poderá julgar o acordo, mas afirmaram que valem sobreposição de apenas quatro
cidades com operações de ensino superior presencial em um total de 80
municípios em que estão presentes.
"Nossa participação de
mercado no Brasil como um todo é baixa e existem poucos municípios tanto em
ensino a distância, quanto no presencial que tem sobreposição", disse
Galindo, sem dar mais detalhes.
Troca de Ações
A incorporação da Anhanguera será
feita com emissão pela Kroton de 198.763.627 novas ações. A ação da Kroton encerrou
na sexta-feira cotada a 25,14 reais, o que conferia à transação um valor de
4,99 bilhões de reais.
Sob os termos do acordo, a Kroton
irá adquirir a totalidade das ações da Anhanguera, em relações de troca que
variam de acordo com a aprovação ou não de desdobramento de ações pelos
acionistas da Anhanguera, em 30 de abril.
Se o desdobramento proposto pela
Anhanguera de um por três papéis for aprovado, a relação de troca será de
0,4548 ação da Kroton por cada papel da Anhanguera. Se não for aprovado, a
relação será de 1,3643.
Após a conclusão da incorporação
da Anhanguera, o controle da nova companhia permanecerá disperso, com os atuais
acionistas da Kroton detendo a parcela majoritária de 57,48 por cento da nova
empresa formada. A companhia seguirá listada no segmento Novo Mercado da
Bovespa.
O presidente do Conselho de
Administração será Gabriel Rodrigues, atual presidente do Conselho da
Anhanguera e um dos antigos donos da universidade Anhembi Morumbi, em São
Paulo.
Para comandar a transição para a
nova empresa, Ricardo Scavazza deixará a presidência-executiva da Anhanguera e
será sucedido por Roberto Valério, atual vice-presidente de Operações. Após a
união, Scavazza assumirá um posto no Conselho de Administração. Segundo Scavazza, as empresas
continuarão "totalmente independentes" até a aprovação da união pelo
Cade.
Fonte: http://br.reuters.com
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