Vídeo mostra violência entre budistas e muçulmanos em Mianmar
A BBC teve acesso a
imagens de vídeo que mostram policiais de Mianmar sem ação enquanto grupos de
budistas atacam membros da minoria muçulmana na cidade de Meiktila, na região
de Mandalay.
As imagens mostram uma multidão destruindo uma loja
de ouro de propriedade de um muçulmano e ateando fogo a casas. Um muçulmano foi
queimado vivo. Os vídeos foram gravados no mês passado, quando
dois dias de confrontos em Meiktila deixaram um saldo de 43 mortos.
As imagens foram divulgadas em meio às discussões
na União Europeia sobre a suspensão definitiva das sanções internacionais
contra Mianmar, em resposta à recente abertura política promovida pelo atual
governo do país.
Acredita-se que apesar das preocupações sobre o
tratamento dado às minorias no país, as sanções, levantadas provisoriamente no
ano passado, devem ser suspensas definitivamente.
As sanções incluíam o congelamento de ativos de
mais de mil companhias birmanesas, restrições à entrada das autoridades do país
na União Europeia, e a proibição de investimentos europeus em várias áreas. Um
embargo à venda de armas deve permanecer em vigência.
A suspensão das sanções é uma resposta à abertura
promovida pelo governo do presidente Thein Sein, que chegou ao poder após
eleições presidenciais em novembro de 2010. Seu governo libertou vários
prisioneiros políticos e relaxou a censura.
Entre os libertados está a prêmio Nobel da Paz Aung
San Suu Kiy, que ficou sob prisão domiciliar por muitos anos e hoje lidera a
oposição pró-democracia, ainda com presença reduzida no Parlamento.
Acusações
Muitos grupos de defesa dos direitos humanos vêm
advertindo que as sanções internacionais não deveriam ser suspensas até que o
governo responda a questões como a violência contra os muçulmanos.
O vídeo dos confrontos em Meiktila expõem a
violência de maneira até agora inédita. As imagens também são mais importantes
por terem sido em sua maioria gravadas pela própria polícia, segundo informa o
correspondente da BBC em Cingapura Jonah Fisher.
As imagens comprovam os testemunhos conhecidos até
então.
A violência entre budistas e muçulmanos também
eclodiu no ano passado em outra parte de Mianmar, no Estado de Rakhine, após o
estupro e o assassinato de uma jovem budista em maio.
Confrontos em julho e outubro deixaram cerca de 200
mortos. Milhares de pessoas, em sua maioria membros da minoria muçulmana,
fugiram de suas casas e permanecem refugiados.
Nesta segunda-feira, a organização internacional
Human Rights Watch (HRW), baseada em Nova York, apresentou um relatório no qual
dizia haver evidências claras de cumplicidade do governo com limpeza étnica e
com crimes contra a humanidade contra muçulmanos no Estado de Rakhine.
A HRW acusou as forças de segurança de ficar apenas
observando ou se de se juntar à multidão que atacou comunidades muçulmanas em
nove cidades, destruindo vilarejos e matando moradores.
A organização disse ter descoberto quatro valas
comuns no Estado e acusou as forças de segurança de tentar destruir as provas
de seus crimes. Porém as acusações foram rejeitadas por um
porta-voz do governo de Rakhine, segundo a agência de notícias Associated
Press.
Ele afirmou que os investigadores da HRW "não
entenderam a situação no local" e disse que o governo não tinha
conhecimento prévio dos ataques e enviou as forças de segurança para
interromper os confrontos.
Fonte: http://www.bbc.co.uk
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