O círculo virtuoso do desenvolvimento intelectual
“O progresso de
uma nação não é medido apenas pelo desenvolvimento econômico, mas também pelo
desenvolvimento intelectual da sociedade. Quanto mais uma sociedade sabe sobre
o mundo e os seres humanos, melhores serão os seus planos para o futuro.”
As palavras são
de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, destacadas em
entrevista concedida ao Globo Universidade, programa da Rede Globo que aborda o
ensino, a pesquisa e os projetos científicos no meio acadêmico. No programa,
Brito Cruz falou sobre os entraves do desenvolvimento científico no Brasil e o
papel das universidades e empresas na corrida pela inovação.
“A função das
empresas na sociedade é prosperar, gerar riqueza e empregos e, por meio destes,
transferir renda. Dessa forma, contribuem para o desenvolvimento de um
país", disse. Em relação à ciência e à tecnologia, na opinião de Brito
Cruz, as empresas precisam ter atividades internas de pesquisa para poder descobrir
novas formas de melhorar produtos, processos e serviços.
"O
principal papel da universidade, por outro lado, é educar os jovens estudantes,
que farão funcionar de forma inovadora as empresas, o governo e a sociedade. E
para proporcionar uma educação de boa qualidade, as universidades precisam ter
intensas atividades de pesquisa científica”, disse.
Sobre o quanto
as pesquisas nas universidades e empresas contribuem para o desenvolvimento do
país, ele destacou ser este um assunto continuamente debatido no Brasil e em
muitos outros países, como Estados Unidos, Inglaterra e França.
"No caso
do Brasil, o país aplica poucos recursos em Pesquisa e Desenvolvimento, apenas
1,16% do PIB em 2010. Mas cada região é muito diferente da outra, por isso é
tão difícil falar da ‘situação brasileira’.
Segundo Brito
Cruz, excetuando São Paulo, em todos os outros Estados do Brasil as empresas
fazem muito menos pesquisa do que deveriam e desejariam, por isso não conseguem
ganhar competitividade.
"Esse dado aparece em um número que o Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação frequentemente divulga e que indica os gastos
com pesquisa no Brasil. Apenas 35% são feitos por empresas. Já em países mais
desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Inglaterra, por exemplo,
as empresas são responsáveis por mais de 50% dos investimentos em pesquisa
feitos no país", disse.
No Estado de São
Paulo, a situação é diferente. "O dispêndio total em Pesquisa e
Desenvolvimento é 1,6% do PIB regional e 60% do gasto em pesquisas é feito por
empresas”, acrescentou.
Segundo Brito
Cruz, as empresas paulistas têm tradição de investir em pesquisa. Em relação às
universidades, também há importantes diferenças entre os investimentos
realizados por São Paulo em comparação aos feitos pelos outros estados
brasileiros.
“Se medirmos resultados de pesquisa como, por exemplo, artigos
publicados em revistas científicas mundiais, São Paulo é responsável pela
metade da produção brasileira. Porém, o estado paulista possui apenas 20% dos
cientistas brasileiros. Mesmo tendo menos cientistas, o estado faz metade da
ciência do país", disse.
O diretor
científico também ressaltou o papel decisivo da FAPESP no desenvolvimento
científico do Estado de São Paulo e do Brasil. Segundo ele, 47% do apoio por
agências de financiamento à pesquisa acadêmica é feito pela FAPESP.
Ex-bolsistas da Fundação atuam em pesquisa em todos os Estados brasileiros e
programas de apoio à pesquisa criados pela Fundação têm servido de modelo para
iniciativas federais.
"A FAPESP
tem tido também um papel decisivo na internacionalização da ciência feita no
Brasil, criando inúmeras oportunidades para projetos de pesquisa conjuntos
entre pesquisadores de São Paulo e de outros países”, disse.
Leia a entrevista completa em:http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2013/04/carlos-henrique-de-brito-cruz-discute-o-desenvolvimento-cientifico-no-brasil.html
Fonte: http://agencia.fapesp.br
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