Conferência «Diálogo Inter-religioso» em Miranda do Corvo/Portugal – Por Virginia Galvan
A
Fundação ADFP de Miranda do Corvo anunciou a construção de um espaço de
reflexão espiritual, ecuménico e universalista em forma de pirâmide, a erigir
no topo da colina sobranceira, fora do Parque Biológico da Serra da Lousã, do
outro lado da encosta florestal, na sessão de encerramento da conferência:
“Diálogo Inter-religioso”
no cinema local, dia 18 de Maio.
“Num tempo em que o dinheiro foi transformado em deus, torna-se fundamental a
criação de um espaço de reflexão sobre o homem, a liberdade e o sentido da
vida, com conteúdo filosófico, simbologia de tolerância e respeito, aberto ás
religiões e aos não crentes, um templo de paz”, considerou Jaime Ramos,
presidente do Conselho de Administração da instituição mirandense, co-promotora
da conferência, juntamente com a Câmara Municipal, o Centro de Estudos
Republicanos Amadeu Carvalho Homem e o jornal local “Mirante”.
Para se aceder à pirâmide, que em três
das faces terá os símbolos das religiões monoteístas e na quarta as palavras
verdade, moral e bondade, haverá um caminho pedonal difícil e inclinado, no
meio da floresta, paragens para descanso e uma praça em xadrez com a frase “mas
contudo ela move-se”,de Galileu.
E porque Jaime Ramos não pretende branquear os “crimes hediondos” que ao longo da história as religiões cometeram em nome de Deus, haverá também um núcleo museológico para os lembrar, com um labirinto no meio, para simbolizar que “o caminho não é fácil ou isento de erros”.
E porque Jaime Ramos não pretende branquear os “crimes hediondos” que ao longo da história as religiões cometeram em nome de Deus, haverá também um núcleo museológico para os lembrar, com um labirinto no meio, para simbolizar que “o caminho não é fácil ou isento de erros”.
O mentor deste templo de reflexão espiritual, anunciou também ter sido convidado
por alguns dos conferencistas, a participar numa tertúlia que aborda o diálogo
inter-religioso, dia 18 de Junho, em Lisboa. Com dois objectivos:
organizar em Miranda do Corvo um encontro com crianças das diferentes comunidades religiosas da capital e assinar uma carta de intenções com estas comunidades, a Câmara de Miranda e a Fundação ADFP para um trabalho pioneiro que vise aprofundar na Região Centro o diálogo inter-religioso.
organizar em Miranda do Corvo um encontro com crianças das diferentes comunidades religiosas da capital e assinar uma carta de intenções com estas comunidades, a Câmara de Miranda e a Fundação ADFP para um trabalho pioneiro que vise aprofundar na Região Centro o diálogo inter-religioso.
Jaime Ramos interveio imediatamente
após o Prof. Daniel Serrão, membro do Conselho Nacional de Ética para as
Ciências da Vida, que falou a uma plateia de 150 lugares, quase cheia, sobre “A
bioética não é religião…é ética”.
Na impressionante lucidez dos seus 85
anos de saber e experiência feitos, Daniel Serrão, para quem “o cérebro humano
melhora com a idade”, sobre a religiosidade afirmou que “é uma criação da mente
humana, estrutura neurobiológica como todas as outras, que pressupõe ou não a
ideia de transcendência, algo que transcende a realidade”.
Para Daniel Serrão, “Deus neurobiológicamente não existe, não é detectável
pelos cinco sentidos, só existe na intuição de cada um”. O diálogo inter-religioso numa Miranda
que continua a fazer a diferença.
Mas a conferência começou logo de
manhã com a intervenção de Fátima Ramos que caracterizou o concelho nas
vertentes histórica, patrimonial, religiosa, social e ambiental, antes de falar
do projecto do Jardim da Paz.
“O parque, numa zona atravessada pelo
Alheda, quer promover o amor, a bondade, a tolerância, a ética e os direitos
humanos, com informação,sobretudo para as crianças e jovens, sobre pessoas que
contribuíram para a paz no mundo, e foram correctas a actuar sobre o bem
fazer”, afirmou a presidente da Câmara Municipal.
Teólogos, professores universitários,
filósofos, comunicaram sobre a religião e a sua história, a religiosidade, o
ecumenismo, o diálogo inter-religioso, o agnosticismo e a não crença, do ponto
de vista dos católicos, muçulmanos, judeus, evangélicos, budistas e ateístas.
De José Eduardo Franco, que defendeu a
precedência do ecumenismo cultural sobre o religioso, a Mahomed Abed, que
caracterizou a essência do Islão, passando pelo franciscano Daniel Teixeira,
que abordou o tema “Deus e as Religiões: fundamento e fundamentalismos”;
“Fundamentalismo, conceito oitocentista”, temática de José Ruah,”Ateísmo e
espiritualidade laica” por Carlos Esperança, com Paulo Mendes Pinto a falar “Do
monolitismo à liberdade religiosa: percursos do século XX português”, e
Sebastião Formosinho a abordar as “Relações entre ciência e religião no século
XXI: o religioso não morre, desloca-se”.
Na mesa redonda “Mística e Religiões
caminhos da espiritualidade”, Brissos Lino focou a problemática do “Poder e
fundamentalismo no diálogo inter-religioso”, e António Faria a “Tecnologia
psicoespiritual” por oposição à tecnologia materialista, antes da comunicação
de Daniel Serrão.
Na sessão de encerramento, o director
do jornal “Mirante”, Carlos Ferreira considerou fundamental que caminhos
religiosos, espirituais ou ateus, devem conhecer-se, é preciso saber quais os
fundamentos dogmáticos de cada religião”, lembrando que o “desconhecimento do
caminho dos outros levou-nos a um mundo com tanta intolerância, holocaustos, em
nome do bem e que mataram muito”.
“Se a Fundação ADFP construir o
templo, será mais um passo no caminho da tolerância e solidariedade, numa
Miranda assente em valores muito queridos da ética republicana, como a
liberdade, solidariedade,e respeito mútuo”, concluiu.
Amadeu Carvalho Homem, do Centro de
Estudos Republicanos, a dado passo citou Newton, que respondeu “Deus? Não cabe
na minha hipótese” para, referindo a construção do templo como “só podendo ser
motivo de congratulação”, acrescentar que ele “dever ser um ponto de partida e
não de chegada”.
Na última intervenção da sessão final,
o vereador Sérgio Seco de realçar “o trabalho essencial à realização da
conferência, de Margarida Coimbra e Cristina Cruz, coordenado por Carlos
Ferreira”, considerou que “todos devemos defender cada ser humano sem excepção.
E citou o exemplo do Padre Américo, afirmando que “foi dele que germinou a fraternidade e a solidariedade em Miranda do Corvo. A concluir referiu que “no que depender de mim, darei todo o meu apoio à Fundação ADFP na construção de um templo ecuménico que a todos vai respeitar por igual. Para que Miranda continue a fazer a diferença”.
Fonte: http://local.pt
E citou o exemplo do Padre Américo, afirmando que “foi dele que germinou a fraternidade e a solidariedade em Miranda do Corvo. A concluir referiu que “no que depender de mim, darei todo o meu apoio à Fundação ADFP na construção de um templo ecuménico que a todos vai respeitar por igual. Para que Miranda continue a fazer a diferença”.
Fonte: http://local.pt
Comentários