A “manifestação pacífica” dos evangélicos em Brasília - Por Magali do Nascimento Cunha
A “manifestação pacífica”
convocada pelo pastor da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo Silas
Malafaia, “em defesa da liberdade de expressão, liberdade religiosa, da família
tradicional e da vida” (para marcar posição contra o casamento gay, o aborto e
o Projeto de Lei 122, que criminaliza a homofobia), acontece em 5 de junho em
Brasília.
Uma ampla campanha pelas redes sociais e na grande mídia (o pastor
Malafaia será entrevistado na quinta-feira, 30 de maio, durante toda a edição
do Programa do Ratinho, no SBT) respalda a expectativa da organização de
reunir 100 mil pessoas.
“Já que estão forçando a barra sobre o casamento gay,
vamos a Brasília para dizer que estamos do outro lado. Não é um ato exclusivo
para apoiar Marco Feliciano, mas para marcarmos nossa posição. Vamos dar a
nossa resposta. Todas as lideranças evangélicas estarão presentes, assim como a
bancada evangélica. Vai ter gente de todos os lados do Brasil”, declarou
Malafaia à reportagem de Veja On Line.
Depois de liderar a Marcha para
Jesus no Rio de Janeiro, o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo tem
tuitado mensagens como: “Quanto mais xingam, caluniam e difamam, Deus abre mais
portas. Um programa inteiro com o Ratinho nessa quinta, às 21.20 hs no SBT,
divulgue”; “A chapa vai esquentar no @Pgm_Ratinho desta quinta (30), às 21h20.
Exibição da minha entrevista de uma hora sobre temas polêmicos. Não perca”;
“Falta pouco para a manifestação pacífica! Dia 5/6, às 15h, em frente ao
Congresso Nacional. EU APOIO”.
Contra-manifestações e protestos
Manifestações de oposição
prometem acirrar o clima em torno da temática. Grupos como o Cristoversiv@s
convocaram uma manifestação no dia 8 de junho, na Cinelândia (Rio de Janeiro),
um “contra-evento”, intitulado “Expressão da Liberdade”. O grupo diz que ministrará
uma cerimônia de lavapés e uma eucaristia com mesa aberta “servindo e
demonstrando amor ao próximo, como nos ensinou um dos maiores subversivos da
história: Jesus Cristo, a quem seguimos”.
O convite é feito a todas as pessoas
“que têm seus direitos e liberdades diminuídas e desrespeitadas no dia-a-dia,
tais como a comunidade LGBTT, índi@s, negr@s, povo de santo e tantos mais que a
sociedade e a instituição Igreja excluem. Ampliamos ainda o convite à tod@
seguidor de Jesus que não se sente representado pelo discurso de ódio
deturpadamente pregado como doutrina bíblica na TV, no Planalto e nos púlpito”.
Cristoversiv@s ainda afirmam que querem “apresentar uma alternativa de
cristianismo, pois ‘Malafaias’ e ‘Felicianos’ representam o projeto político de
poder que Jesus abominava: a ausência de Amor”.
Antes da manifestação em Brasília
acontecerá um evento cuja organização já anunciou protestos contra os deputados
federais Marco Feliciano (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ) e o pastor
evangélico Silas Malafaia: a Parada Gay de São Paulo (2 de junho). Feliciano,
Bolsonaro e Malafaia não serão temas exclusivos, mas serão lembrados em faixas
e outras formas de protesto:
“Não tenho nada contra aqueles que querem
manifestar sua fé; o que não pode é isso ser usado como arma contra os outros”,
disse ao UOL Notícias Nelson Matias Pereira, diretor-executivo e um dos
fundadores da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo.
Para quem se interessa pela
dinâmica mídia-religião-política vale a pena acompanhar os movimentos e
desdobramentos destes lances no jogo da política, tanto dos aliados de Silas
Malafaia quanto de críticos dentro do próprio campo evangélico. Para refletir,
o blog Mídia, Religião e Política já publicou temas relacionados.
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