Mídia, poder e contrapoder
Subtítulo: da concentração
monopólica à democratização da comunicação
Autor(a): Dênis de Moraes
(org.), Ignacio Ramonet e Pascual Serrano
Prefácio: Raquel Paiva
Posfácio: Orelha: Milton
Temer
Páginas: 184
Ano de publicação: 2013
ISBN: 978-85-7559-318-9
Dênis de Moraes, Ignacio Ramonet e Pascual Serrano assinam a seis mãos os
ensaios que integram o livro: Mídia, poder e contrapoder: da concentração
monopólica à democratização da informação, a ser lançado pela Boitempo
Editorial.
Organizada por Moraes, a obra reúne seis textos que fazem uma reflexão crítica sobre o poder mundial da mídia, a cultura tecnológica, a comunicação globalizada, o jornalismo contra-hegemônico em rede, as políticas públicas de direito à comunicação e a democratização da informação na América Latina.
A partir da convergência de afinidades dos jornalistas na análise sobre o complexo mundo da mídia e nas preocupações com o fluxo informacional do nosso cotidiano, após um debate do qual participaram juntos no Rio de Janeiro no final de 2011, surgiu para Moraes a ideia de um livro a três. “O ponto de partida de Mídia, poder e contrapoder é o compromisso comum de interpelar a contemporaneidade, cada vez mais midiatizada, tecnologizada e mercantilizada”, explica o organizador na introdução.
O momento histórico para Moraes é perturbador, permeado pelos fascínios compulsivos por objetos digitais que se conectam instantaneamente a “nuvens de computação” capazes de armazenar volume imensurável de informações. No entanto, em contraposição a esse quadro, o livro desenvolve reflexões que incorporam a dimensão da esperança, projetando‑a como elemento essencial nas disputas de sentido frente aos enfoques tendenciosos das máquinas midiáticas.
Na primeira parte, os jornalistas analisam formas e efeitos da colonização do imaginário social pela mídia corporativa; a configuração atual do sistema midiático, sob forte concentração monopólica em torno de megagrupos e dinastias familiares; as estratégias de comercialização de produtos culturais e manifestações artísticas; a subordinação de informações de interesse coletivo a ambições lucrativas; a retórica em favor da “liberdade de expressão”, que dissimula a intenção de fazer prevalecer a liberdade de empresa sobre as aspirações coletivas e a perda de credibilidade da imprensa.
Ramonet não se
furta a discorrer sobre o fazer jornalismo, reconhece a proliferação de
produtores de informação que a era digital criou e vaticina com propriedade:
“O
que está desaparecendo é principalmente o jornalismo de investigação”. A
primeira parte do livro é encerrada pela necessária discussão de Pascual sobre
liberdade de imprensa, uma temática que nunca se esgota e é apontada por ele
dentro do cenário do “coronelismo”, dos fluxos financeiros, mas também das
possibilidades de produção contra‑hegemônicas.
A partir do reconhecimento das mutações comunicacionais na internet, expostas na segunda parte do livro, os autores avaliam premissas e práticas em rede e possibilidades de reversão do sistema a partir da digitalização que, ao mesmo tempo, priorizam conteúdos vinculados à justiça social, aos direitos humanos e à diversidade cultural.
A partir do reconhecimento das mutações comunicacionais na internet, expostas na segunda parte do livro, os autores avaliam premissas e práticas em rede e possibilidades de reversão do sistema a partir da digitalização que, ao mesmo tempo, priorizam conteúdos vinculados à justiça social, aos direitos humanos e à diversidade cultural.
Para eles, é imperativo exercitar, por meio do
jornalismo crítico e colaborativo, um contrapoder na produção e na difusão
alternativas, como os projetos promissores das agências virtuais de notícias
latino‑americanas, consolidados como o portal Rebelión, de Madri, ou
instigantes como o WikiLeaks.
A professora associada de comunicação da UFRJ, Raquel Paiva, avalia o livro como obra necessária por sua qualidade crítica.
A professora associada de comunicação da UFRJ, Raquel Paiva, avalia o livro como obra necessária por sua qualidade crítica.
“Hoje, um sem‑número de livros
sobre jornalismo é publicado regularmente. A maioria é interessante, mas poucos
necessários, porque, para tanto, é preciso ir além da mera análise acadêmica
para exercer plenamente a capacidade crítica e, acima de tudo, inscrever‑se
como um material capaz de, a partir da hermenêutica traçada, perscrutar com
cuidado o que se situa como perspectiva”, diz no prefácio.
Trecho do livro
“A cumplicidade do quarto poder com os poderes dominantes faz com que ele deixe de funcionar como tal, o que representa um grave problema para a democracia, pois não é possível concebê‑la sem o autêntico contrapoder da opinião pública. (...) Minha proposta é que todos nós participemos da criação de um quinto poder, que se expressaria mediante a crítica ao funcionamento dos meios de comunicação, papel que antes cabia ao quarto poder. O que um cidadão mais ou menos ativo numa sociedade democrática deve fazer? Questionar a forma como a mídia dá conta da realidade. Essa função crítica consiste em informar sobre a informação, que não é neutra, sempre é construída a partir de um ponto de vista. Portanto, revelar a quem pertence essa informação, quem ela está ajudando, em que medida ela é a expressão dos grupos privados que são seus proprietários já é uma maneira de se dizer para quem os meios de comunicação estão trabalhando. Isso é criar um quinto poder, ressignificando o que a opinião pública deve ser.” – Ignacio Ramonet em “A explosão do jornalismo na era digital”.
Sobre os autores
Dênis de Moraes, jornalista, é professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense e pesquisador do CNPq e da FAPERJ. Autor de Vozes abertas da América Latina: Estado, políticas públicas e democratização da comunicação (Mauad/Faperj, 2011),La cruzada de los medios en América Latina (Paidós, 2011) e Mutaciones de lo visible: comunicación y procesos culturales en la era digital (Paidós, 2010). Pela Boitempo, publicou O velho Graça: uma biografia de Graciliano Ramos (2012).
Ignacio Ramonet, jornalista, foi diretor de redação do Le Monde Diplomatique (1990-2008) e atualmente dirige a edição espanhola do mesmo jornal. Um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, é presidente de honra da organização ATTAC. Publicou A explosão do jornalismo: das mídias de massa à massa de mídia (Publisher Brasil, 2012), Fidel Castro, biografia a duas vozes (Boitempo, 2006) e A tirania da comunicação (Vozes, 1999).
Pascual Serrano, jornalista, é diretor de redação do portal Rebelión, de Madri. Foi assessor editorial do canal multiestatal latino-americano Telesur. Autor de Periodismo canalla: los medios contra la información (Icaria, 2012), Contra la neutralidad. Tras los pasos de John Reed, Ryzard Kapuściński, Edgar Snow, Rodolfo Walsh y Robert Capa (Península, 2011) eDesinformación. Cómo los medios ocultan el mundo (Península, 2009).
Trecho do livro
“A cumplicidade do quarto poder com os poderes dominantes faz com que ele deixe de funcionar como tal, o que representa um grave problema para a democracia, pois não é possível concebê‑la sem o autêntico contrapoder da opinião pública. (...) Minha proposta é que todos nós participemos da criação de um quinto poder, que se expressaria mediante a crítica ao funcionamento dos meios de comunicação, papel que antes cabia ao quarto poder. O que um cidadão mais ou menos ativo numa sociedade democrática deve fazer? Questionar a forma como a mídia dá conta da realidade. Essa função crítica consiste em informar sobre a informação, que não é neutra, sempre é construída a partir de um ponto de vista. Portanto, revelar a quem pertence essa informação, quem ela está ajudando, em que medida ela é a expressão dos grupos privados que são seus proprietários já é uma maneira de se dizer para quem os meios de comunicação estão trabalhando. Isso é criar um quinto poder, ressignificando o que a opinião pública deve ser.” – Ignacio Ramonet em “A explosão do jornalismo na era digital”.
Sobre os autores
Dênis de Moraes, jornalista, é professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense e pesquisador do CNPq e da FAPERJ. Autor de Vozes abertas da América Latina: Estado, políticas públicas e democratização da comunicação (Mauad/Faperj, 2011),La cruzada de los medios en América Latina (Paidós, 2011) e Mutaciones de lo visible: comunicación y procesos culturales en la era digital (Paidós, 2010). Pela Boitempo, publicou O velho Graça: uma biografia de Graciliano Ramos (2012).
Ignacio Ramonet, jornalista, foi diretor de redação do Le Monde Diplomatique (1990-2008) e atualmente dirige a edição espanhola do mesmo jornal. Um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, é presidente de honra da organização ATTAC. Publicou A explosão do jornalismo: das mídias de massa à massa de mídia (Publisher Brasil, 2012), Fidel Castro, biografia a duas vozes (Boitempo, 2006) e A tirania da comunicação (Vozes, 1999).
Pascual Serrano, jornalista, é diretor de redação do portal Rebelión, de Madri. Foi assessor editorial do canal multiestatal latino-americano Telesur. Autor de Periodismo canalla: los medios contra la información (Icaria, 2012), Contra la neutralidad. Tras los pasos de John Reed, Ryzard Kapuściński, Edgar Snow, Rodolfo Walsh y Robert Capa (Península, 2011) eDesinformación. Cómo los medios ocultan el mundo (Península, 2009).
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