Para tratamento sem transfusão, proibida por religião testemunha de Jeová aciona Justiça

Com leucemia, a aposentada Lucília Calves Pereira, de 73 anos, teve que recorrer à Justiça para que seu plano de saúde custeasse o tratamento contra a doença no hospital Carlos Chagas em São Paulo (SP).

A medida drástica foi tomada porque o único tratamento oferecido no Estado para este tipo de patologia é via transfusão de sangue, mas como a idosa é testemunha de Jeová, a religião não permite que receba sangue de outra pessoa.

Diante da situação, a família buscou especialistas no Estado que pudessem realizar um tratamento alternativo que é oferecido em outros hospitais do País. “Nós consultamos pelos menos 10 médicos especializados em hemoterapia, mas nenhum é capacitado para fazer o tratamento sem transfusão de sangue”, explica o filho da vítima, o fotografo João Batista Gener, de 34 anos.

Gener conta que informou ao plano de saúde sobre a necessidade de transferir a mãe para o hospital paulista. “Eles negaram e a única alternativa que encontramos foi entrar na justiça”, diz.

A família entrou com um pedido de liminar na noite do dia 6 deste mês, às 15 horas do dia 7 o juiz Ricardo Gomes Façanha, da 3ª Vara Civil, determinou que o plano “cubra o tratamento alternativo requisitado pela vítima, a prestando toda e qualquer assistência necessária, até a resolução da presente demanda, sob pena de multa diária, inicialmente, em 30 dias, de R$ 4 mi”. Com a decisão judicial, no dia 8 a idosa foi internada no hospital Carlos Chagas.

Segundo Gener, o tratamento oferecido pelo hospital não necessita de transfusão. “Um medicamento aplicado via subcutânea e estimula a produção de glóbulos vermelhos. Com isso minha mãe vai ter mais energia para ser submetida a quimioterapia”, explica.

Conforme Gener, a família entrou na justiça não só pela questão bíblica seguida pelos Testemunhas de Jeová, mas também para evitar problemas futuros que a transfusão de sangue pode acarretar. "80% das pessoas que recebem transfusão acabam tendo hepatite", afirma.

A idosa continua internada no hospital, sem previsão de alta. O plano de saúde ainda pode recorrer da decisão.






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