Entenda o que é a Irmandade Muçulmana - Por Luciana Alvarez
Movimento fundado no Egito em
1928 atua em diversos países do mundo árabe e defende adoção de lei islâmica.
A Irmandade Muçulmana é um grupo
político e religioso que atua em diversos países do Oriente Médio, Ásia e
África, defendendo que as regras do islamismo sirvam não apenas para ditar a
forma de vida dos fiéis, mas também para guiar a sociedade e o Estado. Além de
lutar para estabelecer a sharia (leis do islamismo) como base para
governos, a Irmandade Muçulmana também tem o objetivo de unificar os países de
população muçulmana.
O slogan inicial do movimento na
época de sua criação era “o islamismo é a solução”. Muitos analistas consideram
a Irmandade como a precursora do islamismo militante moderno.
Ela tem origem na mesma seita
islâmica radical wahabita, sunita, base da sociedade da Arábia Saudita e que
inspirou a milícia islâmica do Taleban (que atua no Afeganistão e Paquistão) e
a rede terrorista Al-Qaeda.
Fundada no Egito em 1928 por um
professor chamado Hassan al-Banna, a Irmandade tinha como objetivo libertar o
país do controle colonial britânico e de todas as influências ocidentais, que
eram consideradas “corruptoras”. No Egito, portanto, embora não seja ela mesma
um partido político, a Irmandade é o mais antigo grupo de oposição, contando
com amplo apoio da classe média.
Banida durante a maioria das
décadas desde seus 85 anos de existência, a Irmandade concorreu em eleições
legislativas do Egito por meio de candidatos independentes ou com alianças a
outros partidos. O braço político do grupo, o Partido da Justiça e da
Liberdade, veio a ser legalizado no Egito depois do levante
população que forçou a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
Desde os anos 1970, o grupo
rejeita oficialmente todo o tipo de violência e se classifica como
“democrático”. No entanto, braços da Irmandade estiveram ligados a uma série de
ataques no Oriente Médio até então e ainda hoje ela é acusada de incitar a
violência. Recentemente o movimento foi banido na Rússia, onde é classificado
como “grupo terrorista”.
O caráter religioso, que está no
centro do poder do movimento (pois conta com amplo apoio dos muçulmanos), é
também o principal foco de críticas à Irmandade.
“Nos últimos séculos, Estados
em todo o mundo têm buscado a laicização. A Irmandade vai no sentido oposto. O
grande problema disso é o temor dos grupos minoritários, como os cristãos no
Egito, de que um governo assim possa acabar levando a uma perseguição contra os
não islâmicos”, afirmou ao iG Marcus Vinicius de Freitas, coordenador
do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado
(Faap).
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