“Maior exposição do mundo” reproduz obras de arte em 22 mil painéis no Reino Unido – Por Cassiano Elek Machado
Duas áreas nas quais a Inglaterra
se destacou um bocado nas últimas décadas foram a publicidade e as artes
plásticas. Não seria demais acrescentar uma terceira: publicidade das artes
plásticas.
Pois a partir desta segunda-feira
(12/08), e nas próximas duas semanas, todos estes universos se combinam à
perfeição. Começa nesta segunda, em todo o Reino Unido, a "Art
Everywhere", mostra que pode gabar-se sem riscos de ser "a maior
exposição do mundo".
A exposição ("Arte em Todos
os Lugares", seria o nome em português) estará em cartaz simultaneamente
em mais de 22 mil lugares.
Art Everywhere
Apenas 57 obras de arte serão
expostas nestes milhares de locais, do Oiapoque ao Chuí do reino: de Falmouth,
no sul da Inglaterra, a Thurso, no norte da Escócia.
O milagre da multiplicação das
obras é simples: serão apenas reproduções, exibidas em espaços como outdoors,
pontos de ônibus, displays eletrônicos e cartazes de todos os tipos e tamanhos.
A seleção dos trabalhos
reproduzidos (também em 2.000 ônibus e em mil táxis de Londres) foi
parcialmente escolhida pelo próprio público, pela internet.
Em junho, uma lista de cem obras
feitas por britânicos ou realizadas no Reino Unido (e todas elas parte de
coleções públicas do país), foi apresentada no site arteverywhere.org.uk.
A relação foi elaborada por um
comitê de críticos, historiadores e pelo idealizador do projeto, o empresário
Richard Reed, 40, co-fundador de uma marca de bebidas do tipo
"smoothies", chamada Innocent Drinks.
A lista original continha desde
um vitral que representava a Virgem Maria, feito há 673 anos, até uma pintura
com bolinhas coloridas de Damien Hirst, 48. A Virgem ficou de fora da lista
final, mas o trabalho do "enfant terrible" da arte contemporânea
inglesa foi selecionado pelo público.
Sensação
Hirst não é o único representante
dos chamados "Young British Artists" na mostra. Outros quatro
"jovens artistas britânicos" entraram em "Art Everywhere":
Gary Hume, Tracey Emin, Sarah Lucas e Chris Ofili.
Os cinco estiveram presentes numa
das mostras mais barulhentas das últimas décadas, a "Sensation", que
reuniu destaques da coleção do publicitário e galerista Charles Saatchi na
Royal Academy of Art, em 1997.
Ofili, por exemplo, exibiu na
mostra, em Londres, um retrato da Virgem Maria, ela de novo, feito com
excrementos de elefante. Nenhum dos cinco jovens artistas ficou entre os dez
mais votados.
O "top ten" teve obras de glórias da arte britânica do século 19,
como Joseph Turner, e do século 20, como Francis Bacon e Lucian Freud, e só uma
artista viva. A obra selecionada de Cornelia
Parker, 57, foi uma foto de sua instalação "Dark Cold Matter", de
1991, que reproduz uma barraca de madeira no momento em que foi explodida. A
peça foi exibida na Bienal de São Paulo de 1994.
Parker esteve na sexta no
pré-lançamento da "Art Everywhere", que vai oficialmente até o
próximo dia 25. Ao seu lado, estava Sir Peter
Blake, 81, que teve dois trabalhos entre os 57 da mostra: uma pintura dos anos
1980 e uma capa de disco que ele ajudou a conceber, a de "Sgt. Pepper's
Lonely Hearts Club Band", dos Beatles.
Importância
Numa entrevista ao jornal
londrino "Telegraph", Sir Blake comentou sua surpresa com a pintura
mais votada: a tela "The Lady of Shalott" (1888), de John William
Waterhouse, inspirada em poema do inglês Alfred Tennyson.
Sentado num banquinho e apoiado
na bengala, o veterano artista também disse o que achava da tal "maior
exposição do mundo": "Não devemos fazer dela algo tão importante.
Mas, se um sujeito sai para fazer compras e, no caminho, vê uma bela obra de
arte, isso vai somar algo em sua vida".
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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