A contribuição de Orlando Costas para a compreensão da missão integral – Por Carlos Caldas
Orlando Enrique Costas (1942-1987), natural de Porto Rico, foi um dos mais
brilhantes, lúcidos e articulados pensadores que o protestantismo evangelical
latino-americano produziu.
Apesar de ter vivido apenas 45 anos, produziu muito.
Vários de seus livros e artigos foram publicados em espanhol e em inglês, e sua
teologia é bastante conhecida nos seminários teológicos de língua espanhola e
inglesa.
Seu livro: “Comunicación por médio de la predicación” (Comunicação por
meio da pregação) por exemplo, é usado na disciplina de Homilética (o estudo
dos princípios teóricos e práticos da pregação) em praticamente todos os países
da América Latina.
Dentre os artigos que publicou em periódicos de vários
países, destacam-se os publicados na revista argentina Iglesia y Misión,
editada por C. René Padilla. Este periódico há décadas veicula o pensamento da
reflexão teológica evangelical latino-americana. Infelizmente ainda não temos
traduções de seus textos para o português.
Nascido em um lar metodista, Costas passou por uma experiência de conversão na adolescência, quando morava com sua família nos Estados Unidos. Tornou-se membro de uma igreja batista ligada à Convenção das Igrejas Batistas Americanas e no fim da vida estava ligado também aos Discípulos de Cristo.
Seus colegas o
definem como homem de fé cristã profunda e sincera, convicções inabaláveis e
movido por uma energia que parecia ser inesgotável e uma impressionante
capacidade de produção. Seus ex-alunos se referem com saudade às aulas
dinâmicas e animadas ministradas por ele.
Orlando Costas foi um visionário. Mesmo sendo evangelical assumido e declarado, não se constrangia em participar de reuniões mundiais de organismos de reflexão teológica do movimento ecumênico, que tende a ser teologicamente liberal, e lá declarar a todos seus pontos de vista conservadores.
Militou vários anos na Fraternidade Teológica Latino-Americana. Criou o Centro Evangélico Latino-Americano de Estudos Pastorais (CELEP), que tinha braços regionais, como o CELEP Centro América, o CELEP Zona Andina (que atuava no Peru) e o Centro Evangélico Brasileiro de Estudos Pastorais (CEBEP). Na década de 1970, no auge da Teologia da Libertação, Costas era professor do Seminário Bíblico Latino-Americano (SEBILA), em San José, Costa Rica.
Orlando Costas foi um visionário. Mesmo sendo evangelical assumido e declarado, não se constrangia em participar de reuniões mundiais de organismos de reflexão teológica do movimento ecumênico, que tende a ser teologicamente liberal, e lá declarar a todos seus pontos de vista conservadores.
Militou vários anos na Fraternidade Teológica Latino-Americana. Criou o Centro Evangélico Latino-Americano de Estudos Pastorais (CELEP), que tinha braços regionais, como o CELEP Centro América, o CELEP Zona Andina (que atuava no Peru) e o Centro Evangélico Brasileiro de Estudos Pastorais (CEBEP). Na década de 1970, no auge da Teologia da Libertação, Costas era professor do Seminário Bíblico Latino-Americano (SEBILA), em San José, Costa Rica.
O corpo docente da
instituição ficou dividido, pois enquanto alguns professores assumiram
integralmente aquela nova maneira de fazer teologia, outros a rejeitaram por
completo. Orlando Costas preferiu dialogar com o pensamento libertacionista,
apontando e criticando suas falhas, todavia sem desprezá-lo “in totum”.
Costas
levou até as últimas conseqüências o mandamento apostólico que ordena “examinar
tudo e reter o que é bom”. Entre as tradições teológicas que influenciaram o
pensamento de Costas estão o fundamentalismo (em seu aspecto de
confessionalidade dos elementos centrais da fé cristã), o pietismo (o tema da
conversão, caro por demais ao pietismo, é central na teologia de Costas), a
vertente conhecida como “radical” do evangelicalismo (que enfatiza o lugar da
ação social na vida e missão da igreja, central para a compreensão
latino-americana do conceito de missão integral) e as teologias ecumênica e da
libertação.
Durante seu tempo na Costa Rica, Costas aproveitou uma licença como
docente e defendeu seu doutorado em teologia na Universidade Livre de Amsterdã,
Holanda.
Depois de atuar como professor no SEBILA durante toda a década de
1970, ele voltou para os Estados Unidos, onde foi professor no Eastern Baptist
Theological Seminary, na Pensilvânia, e posteriormente na Andover Newton
Theological School, em Boston.
A teologia de Costas gravita em torno do tema da missão da igreja. Por ter como eixo teórico a doutrina bíblica do reino de Deus, é uma teologia “pé no chão” e não “estratosférica”, preocupada apenas com questões abstratas e especulativas. Por exemplo, ao refletir sobre a teologia da criação em “Hacia una teología de la evangelización” (Rumo a uma teologia da evangelização), coletânea editada por Costas, com textos dele e de colegas docentes do SEBILA, não o faz em uma perspectiva de polêmica contra defensores da teoria da evolução, como normalmente se faz. Antes, Costas reflete sobre quais são as implicações da doutrina bíblica da criação sobre nossa compreensão dos temas da salvação e de nossa compreensão da prática da evangelização.
Da mesma forma, ao refletir sobre a pessoa de Jesus Cristo, Costas não se limita a reproduzir uma discussão sobre significados, minúcias e particularidades de intrincados termos filosóficos gregos dos quais teólogos cristãos se apropriaram para construir a cristologia ortodoxa. Sem deixar de ser ortodoxo (ele trabalha com uma cristologia calcedoniana clássica, que afirma a plena divindade e a plena humanidade de Jesus Cristo) Ele enfatiza a doutrina da encarnação como modelo para a igreja em missão. Em sua teologia missiológica, Jesus Cristo torna-se o paradigma da missão da igreja.
A teologia de Costas gravita em torno do tema da missão da igreja. Por ter como eixo teórico a doutrina bíblica do reino de Deus, é uma teologia “pé no chão” e não “estratosférica”, preocupada apenas com questões abstratas e especulativas. Por exemplo, ao refletir sobre a teologia da criação em “Hacia una teología de la evangelización” (Rumo a uma teologia da evangelização), coletânea editada por Costas, com textos dele e de colegas docentes do SEBILA, não o faz em uma perspectiva de polêmica contra defensores da teoria da evolução, como normalmente se faz. Antes, Costas reflete sobre quais são as implicações da doutrina bíblica da criação sobre nossa compreensão dos temas da salvação e de nossa compreensão da prática da evangelização.
Da mesma forma, ao refletir sobre a pessoa de Jesus Cristo, Costas não se limita a reproduzir uma discussão sobre significados, minúcias e particularidades de intrincados termos filosóficos gregos dos quais teólogos cristãos se apropriaram para construir a cristologia ortodoxa. Sem deixar de ser ortodoxo (ele trabalha com uma cristologia calcedoniana clássica, que afirma a plena divindade e a plena humanidade de Jesus Cristo) Ele enfatiza a doutrina da encarnação como modelo para a igreja em missão. Em sua teologia missiológica, Jesus Cristo torna-se o paradigma da missão da igreja.
Costas
também elevou temas como missão e crescimento de igreja, evangelização e
pastoral à categoria de “loci” teológicos, temas que têm sido desprezados
pela reflexão teológica sistemática tradicional, tanto protestante quanto
católico-romana. Com Orlando Costas aprendemos que é possível pensar estes
temas com seriedade e profundidade. Ele deu respeitabilidade acadêmica a esta
área tão importante da reflexão teológica.
O pensamento teológico de Orlando Costas ainda está para ser descoberto no Brasil. Atualmente, há uma verdadeira obsessão por crescimento numérico; as exigências do discipulado cristão têm sido dramaticamente rebaixadas, suavizadas e até mesmo eliminadas; há um desconhecimento bíblico de como deve ser a missão da igreja. Em tempos como esses, a (re) descoberta da teologia de Costas é potencialmente saudável, especialmente sua ênfase no contexto em que a igreja vive sua missão.
• Carlos Caldas é professor na Escola Superior de Teologia e coordenador do programa de pós-graduação em ciências da religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. É autor de, entre outros, “Orlando Costas, sua contribuição na história da teologia latino-americana” (Ed. Vida).ccaldas@mackenzie.br
Dentre os livros de Orlando Costas destacam-se:
• La Iglesia y su Misión Evangelizadora (1971)
• El Protestantismo en America Latina Hoy (1972-1974)
• The Church and Its Mission: A Shattering Critique from the Third World (1974)
• Theology of the crossroads in contemporary Latin America: Missiology in mainline Protestantism, 1969-1974 (sua tese doutoral, publicada na Holanda)
• Compromiso y Misión (1979)
• Christ Outside the Gate: Mission Beyond Christendom (1982)
• Liberating News: A Theology of Contextual Evangelization (1989), (publicação póstuma)
O pensamento teológico de Orlando Costas ainda está para ser descoberto no Brasil. Atualmente, há uma verdadeira obsessão por crescimento numérico; as exigências do discipulado cristão têm sido dramaticamente rebaixadas, suavizadas e até mesmo eliminadas; há um desconhecimento bíblico de como deve ser a missão da igreja. Em tempos como esses, a (re) descoberta da teologia de Costas é potencialmente saudável, especialmente sua ênfase no contexto em que a igreja vive sua missão.
• Carlos Caldas é professor na Escola Superior de Teologia e coordenador do programa de pós-graduação em ciências da religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. É autor de, entre outros, “Orlando Costas, sua contribuição na história da teologia latino-americana” (Ed. Vida).ccaldas@mackenzie.br
Dentre os livros de Orlando Costas destacam-se:
• La Iglesia y su Misión Evangelizadora (1971)
• El Protestantismo en America Latina Hoy (1972-1974)
• The Church and Its Mission: A Shattering Critique from the Third World (1974)
• Theology of the crossroads in contemporary Latin America: Missiology in mainline Protestantism, 1969-1974 (sua tese doutoral, publicada na Holanda)
• Compromiso y Misión (1979)
• Christ Outside the Gate: Mission Beyond Christendom (1982)
• Liberating News: A Theology of Contextual Evangelization (1989), (publicação póstuma)
Fonte: http://www.ultimato.com.br
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