Governo deita abaixo várias mesquitas pelo país
Alberto Já, está preocupada com o
encerramento de várias mesquitas no país, com realce para o Leste, onde foram
fechadas todos os lugares de culto pelos Serviços de Fiscalização dos governos
provinciais, sob alegação de terem sido construídas sem autorização.
Segundo David Alberto Já, em
recentes declarações prestadas a “O PAÍS”, a instituição que dirige mostra-se
cada vez mais agastada, alegando que os encerramentos estão sendo feitos sem
qualquer comunicação prévia aos imãs (pastores) ou responsáveis que
superintendem as mesquitas não só no Leste, como também um pouco quase em todo
o território nacional.
A fonte havia explicado que os
primeiros encerramentos foram feitos na Lunda-Norte, seguindo-se a vizinha
Lunda-Sul, Moxico, descendendo para o Bié e Kuando Kubango, respectivamente.
Depois desta região meridional, foram feitas outras em Mbanza Congo, capital da
província do Zaire, e mais recentemente em Luanda, região considerada como
sendo o segundo maior centro islâmico de Angola, depois das Lundas.
Segundo com David Já, os
contactos até agora feitos junto das autoridades competentes para se
pronunciarem sobre o assunto não alcançaram o propósito desejado. Perante esta
situação, a COIA realizará uma conferência de imprensa brevemente, em Luanda,
para falar sobre o silêncio das autoridades e tomar uma posição sobre o
assunto.
Manifestação
Uma fonte ouvida por “O PAÍS”
admitiu a possibilidade de os islâmicos realizarem uma manifestação pacífica,
que será antecedida de uma vigília, em protesto contra as demolições, por um
lado, por outro, como forma de pressionar o Governo a dar um esclarecimento à
volta do encerramento das mesquitas.
Antes destes encerramentos,
refira-se que em Junho de 2008, foi incendiada no Bairro Benfica, na cidade do
Huambo, uma mesquita por desconhecidos, tendo queimado a alcatifa e o alcorão
(livro sagrado) que se encontrava no interior da mesma. Foi apresentada queixa
à Polícia Nacional, que na altura prometera ir ao encalço dos autores.
“Estamos a ser incompreendidos”
Esta é a opinião do presidente da
Comunidade Islâmica de Angola (COIA), imã (pastor), David Alberto Já, quando
abordado recentemente por este jornal. Segundo o líder, a instituição que
dirige está a ser incompreendida por alguns estratos da sociedade que, segundo
ele, “não querem ver o islão em franco crescimento em Angola”.
David Já dizia ter explicado
inúmeras vezes e publicamente sobre o papel da religião islâmica, mas ainda
assim “há pessoas que tentam denegrir a imagem desta religião” que, segundo
ele, “é uma instituição de bem, de paz, irmandade, espiritualidade, boa
convivência entre pessoas de diferentes estratos sociais”.
Deplorou que nos últimos tempos a
religião que dirige, no nosso país, esteja a ser conotada como sendo uma crença
associada a actos pouco abonatórios e anti-sociais, colocando a vida da
sociedade em perigo.
“Há pessoas que atiram impropérios contra o islão,
acusando-o de promover vários actos que podem colocar em perigo a segurança
nacional, mas sem provas”, refutou o líder religioso.
Denunciou também que existem na
sociedade angolana alguns sectores e pessoas de má-fé, que pretendem manchar a
religião para fins inconfessos e favorecer outras congregações que se assumem
como próximas do poder político.
“Angola não é um país maioritariamente
cristão, como fazem crer alguns clérigos de várias denominações religiosas”,
desabafou.
Segundo ele, “Angola é um país
multicultural. Cada um, sem coacção de ninguém, deve escolher a religião que
quiser, mas o que vemos é que parece haver sectores que pretendem definir as
pessoas para professar esta ou aquela religião, o que é contra a lei”, afirmou
o número um da COIA.
Para ele, o mais importante é que
se cumpra o que está estabelecido por lei. “Nós estamos a exercer o nosso culto
com base no que a lei diz, embora não sendo uma religião reconhecida pelo
Estado angolano, à semelhança de tantas outras também que estamos na mesma
condição”, defendeu o rosto visível desta comunidade que conta com mais de 800
mil fiéis (perto de um milhão dizem) e 57 mesquitas espalhadas por todo o país.
Deste número, 22 estão sedeadas em Luanda.
A maioria dos que professam o islão
em Angola é da corrente sunita, visto como radicais, havendo pouquíssimos
xiitas. Mais pormenores sobre as demolições e o Islão na nossa próxima edição.
Fonte: http://www.opais.net
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