Igreja alemã publicará documentos sobre sua relação com o nazismo
Num anúncio inédito, a Igreja
Católica alemã divulgou que vai publicar vários documentos que esclareçam sua
relação com o nazismo.
Entre eles estará uma edição dos diários do ex-cardeal
de Munique Michael Faulhaber (1896-1952), homem de confiança do Papa Pio XII e
que já expressara sua simpatia por Adolf Hitler.
“Nada do que possa aparecer nos
arquivos pode prejudicar tanto a Igreja como a suspeita de que queremos ocultar
ou silenciar algo”, explicou nesta terça-feira numa entrevista coletiva o
arcebispo de Munique, Reinhard Marx.
O projeto inclui a divulgação de
registros de 52 mil visitas e conversas de 1911 até 1952 feitas pelo então
cardeal Faulhaber, que ocupou a sede episcopal de Munique durante o período
nazista.
A publicação será financiada nos primeiros três anos com 800 mil
euros, oferecidos por uma associação de pesquisadores alemães. Mas estima-se
que, devido ao volume de informação, serão necessários ao menos 12 anos para
concluir toda a edição.
Tempo de contradições
Muitas contradições cercam o
papel desempenhado pela Igreja Católica durante o nazismo. Depois de um
atentado sofrido por Hitler em 1939 em Munique, Faulhaber chegou a enviar um
telegrama comemorando que o alemão tivesse passado ileso por “providência
divina”.
Por outro lado, Faulhaber não
inspirava confiança nos nazistas. Foi ele a principal fonte de uma encíclica
escrita pelo então Papa Pio XII em 1937, na qual o Pontífice expressava
preocupação sobre a pressão exercida sobre a Igreja na Alemanha durante o
regime nazista.
“Faulhaber) não era considerado
entre os nacional-socialistas como alguém com que se pudesse contar”, defende
Max.
Espera-se que a divulgação dos
diários ajude a esclarecer essas polêmicas. O material ficou armazenado até
2010 embaixo da cama do último secretário de Faulhaber, o prelado Johannes
Waxenberger, que manteve os diários em segredo até sua morte.
Fonte: http://oglobo.globo.com
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