Mulheres jovens temem retaliação na Tunísia

É impossível calcular o número de ateus no mundo árabe, tendo em vista o segredo em que vivem. 

Não está claro se a maior atividade na internet reflete o fato de aquele número ter crescido ou simplesmente o fato de mais ateus estarem saindo do isolamento. Uma dúzia de entrevistas com ateus árabes apoia as duas hipóteses. 

De qualquer modo, os ateus continuam a ser uma minoria ínfima. Os levantes da Primavera Árabe alimentaram o debate sobre o papel da religião na sociedade e na política, mas mesmo ativistas seculares se apressam a distinguir-se dos ateus.

A desilusão com a ascensão pós-revolucionária dos islamitas, que defendem a implementação estrita de leis religiosas, também levou alguns a reavaliarem suas crenças. Acompanhar as mudanças em seu país levou Fadwa, uma tunisiana de 18 anos, a passar de agnóstica desinteressada a ateia.

“Antes da revolução, as pessoas não viam o Islã como sendo o problema. Mas depois da revolução, elas passaram a ver o Islã político como ele é, e o Islã como ele é”, afirmou Fadwa.

Ela disse que agora está envolvida com grupos na internet e conversa com seus amigos na universidade sobre o que é ser ateia. Ela contou que por causa de sua crença, começaram a circular no campus rumores de que ela seria promíscua. Mas ela teme que coisas piores possam acontecer, como ser designada como apóstata (pessoa que renunciou à religião).


Para alguns teólogos muçulmanos, a apostasia é um crime capital, mas não há informes de que alguém tenha sido executado em anos recentes por ser ateu. Outros dizem que os ateus devem ser punidos somente se fizerem proselitismo. 

E outros sustentam que ateus ex-muçulmanos devem ser tolerados. Eles citam o verso do Corão que diz: “Não há compulsão na religião.”




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