Série fotográfica retrata orixás do candomblé em imagens impressionantes - Por Juliana Piesco
Apesar do Brasil viver
intensamente o sincretismo religioso (que Jorge Amado retratou tão bem) e todos
estarmos familiarizados com alguns dos principais orixás, de Iemanjá a Xangô,
ainda são poucos os conhecimentos da maioria dos brasileiros sobre a mitologia
yorubá e as divindades que compõem o panteão do candomblé.
Para adaptar-se à
nova realidade no Brasil, os escravos que cultuavam essas divindades acabaram
identificando alguns dos orixás com santos católicos, e dessa forma Ogum acabou
se misturando com São Jorge e os gêmeos infantis Ibeji com Cosme e Damião.
Uma série fotográfica com
imagens bem impressionantes é uma oportunidade legal de se familiarizar um
pouco mais com os orixás, e conhecer mais sobre essa rica mitologia que tão
comumente é colocada de lado.
A série Yoruba African Orishas foi
criado pelo fotógrafo estadunidense James C. Lewis (da Noire 3000 Studios)
para representar 20 dos mais de 400 deuses do yorubá, que deu origem ao
candomblé e à umbanda.
Aproveite para conhecer um pouco
mais sobre cada um desses orixás:
Iemanjá: identificada como a
“rainha do mar”, é uma das que goza de maior popularidade no Brasil. Essa
divindade é tida como a deusa-mãe da humanidade (o que torna comum que haja
sincretismo com Nossa Senhora), sendo associada com as cores branco e azul.
Xangô: atrevido e viril, é o
deus do fogo, dos raios e trovões e da justiça, castigando os mentirosos e os
ladrões. Filho de Oranian com Iemanjá, toma três deusas como esposas: Oyá, Oxum
e Obá. Representa também a masculinidade e a sexualidade masculina. Na santeria
(religião cubana derivada do yorubá, como o nosso candomblé) houve sincretismo
de Xangô com Santo Antônio.
Ogum: o orixá ferreiro, que
forjava suas próprias armas, é também um grande guerreiro, deus da caça, da
agricultura e da guerra. Foi um dos primeiros deuses a ser cultuado no yorubá,
e acredita-se que ele tenha sido um dos primeiros a descer do Orun (Céu)
para o Aiye(Terra). No Brasil, é comum que ele seja identificado com São
Jorge.
Oyá: também conhecida
como Iansã, é a deusa guerreira dos ventos e dos furacões. Geralmente, a
recebe como oferenda o acarajé, sua comida favorita, e é identificada pelas
cores rosa, tons de roxo e marrom. Trata-se de uma das orixás femininas mais
imponentes e poderosas.
Oxum: a deusa da beleza, da
fertilidade, do amor e das águas doces dos rios. Oxum seria uma das esposas de
Xangô, e segundo a mitologia yorubá teria desavenças com outra de suas esposas,
Obá.
Obá: deusa do casamento e da
vida doméstica, essa filha de Iemanjá seria muito poderosa, e temida por
diversos dos outros orixás. Foi a primeira esposa de Xangô, e cortou a orelha
para provar seu amor pelo marido (ainda que haja versões em que foi enganada a fazer
isso por Oxum). Também é a deusa dos rios, mas das águas revoltosas: pororocas
e cachoeiras são o seu domínio.
Ibeji: os gêmeos sagrados
são orixás crianças, um menino e uma menina, que teriam os nomes de Kehinde e
Taiwo. São os deuses da juventude e da vitalidade. Segundo a mitologia yorubá,
os gêmeos Ibeji são filhos abandonados por Oyá, que os teria jogado na água depois
do parto, sendo então criados por Oxum como seus próprios filhos. No Brasil, é
comum que sejam sincretizado com os santos Cosme e Damião.
Omolu: conhecido também
como Obaluaiyê, é o orixá da varíola e das doenças contagiosas, e
portanto também muito ligado à morte. Porém, assim como Omolu traz a doença,
também tem o poder de afastá-la, e é atribuído a ele muitas curas milagrosas.
Muitas vezes é sincretizado como São Lázaro.
Exu: orixá da comunicação, o
mensageiro entre o mundo material e espiritual, e também protetor das aldeias,
das casas e das encruzilhadas. É irreverente, provocador e brincalhão, e por
esse motivo foi erroneamente identificado com o diabo pelos colonizadores da
África.
Oxalá: no Brasil, todos
vários orixás funfun (do branco), entre os quais Obatalá e Orixalá, acabaram
recebendo o nome genérico de Oxalá e sendo agrupados sob uma mesma imagem. Esse
é o deus da humanidade, descendente direto de Olorum (o orixá criador). É uma
divindade mais rígida, e muitas vezes opõe-se à natureza irreverente de Exu. No
Brasil, houve sincretismo com o Senhor do Bomfim da Bahia.
Oxumaré: essa complexa
figura é protetor das crianças e dos cordões umbilicais, divindade da
mobilidade e do arco-íris. Na Bahia costuma ser sincretizado com São
Bartolomeu. Curiosamente, tanto por seu símbolo ser o arco-íris quanto por
muitos acreditarem que esse orixá é ao mesmo tempo homem e mulher, ele é tido
por algumas pessoas como o protetor dos homossexuais.
Olokum: senhor dos mares
profundos e dos abismos e, por consequência, do conhecimento profundo que
será sempre um mistério. Esse orixá é metade homem, metade peixe, e tem um
temperamento misterioso e violento.
Você pode conferir todas as
imagens no site da Noire 3000.
Fonte: http://falacultura.com
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