Mística de abertura do 6º Congresso Nacional do MST retrata formação política do movimento - Por Conceição Oliveira
Mil e quinhentos trabalhadores
fazem coreografia em Brasília.
Na última segunda-feira (10/02), o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou seu 6º Congresso
Nacional com o tema:
"Lutar e Construir Reforma Agrária Popular"
Em
comemoração aos 30 anos de luta do movimento. Quinze mil pessoas se reúnem
desde a manhã até a noite realizando inúmeras atividades, e um mar de barracas, que lembram as ocupações dos latifúndios improdutivos no Brasil, ocupam o
entorno do Ginásio Nilson Nelson, em Brasília.
Todos os participantes trabalham
para o funcionamento deste mega congresso: jovens se dividem em Comissão de
Audiovisual, Imprensa, fazem a segurança. Mulheres e homens cozinham para este
batalhão de pessoas. Uma enfermaria atende crianças e qualquer participante que
precise de ajuda.
Terminadas as plenárias, uma
impressionante quantidade de jovens ensaiam as místicas que serão apresentadas
no dia seguinte.
Abertura
O MST luta e festeja
coletivamente os 30 anos de sua bonita e significativa trajetória e, assim,
nada na cerimônia de abertura foi gratuito. Cada gesto, cada adereço tinha uma
intencionalidade para informar o que é o MST.
O grande painel que decora o
Ginásio Nilson Nelson, por exemplo, pintado pela juventude do MST, representa
a diversidade etnicorracial da luta camponesa, faz a crítica ao agronegócio, à
contaminação da terra pelos agrotóxicos e defende a agroecologia.
Delegados de 23 estados
brasileiros e 200 convidados internacionais, com forte presença de delegações
da América latina, puderam ver na abertura do Congresso 1500 militantes do MST
teatralizando, nas famosas místicas do movimento, a História do MST. A cada
representação os atores militantes, com graça, força e leveza, ensinaram e
reafirmaram os princípios que regem a luta pela terra.
Um grande livro, cujas páginas,
para serem viradas, precisavam do esforço coletivo, servia para marcar cada um
dos cinco atos da mística que sintetizaram de maneira didática a história do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
E que luta é essa? Ela é forjada
por homens e mulheres em busca de terra para sobreviver. A coreografia, formada
por corpos deitados ao chão, desenhava o símbolo feminino e masculino. Ela é
forjada por negros, brancos, indígenas e o MST reafirma esta solidariedade em
seus documentos, suas plenárias e suas místicas: somos solidários aos
quilombolas, aos povos indígenas, à classe trabalhadora urbana.
Homens e mulheres na luta pela
terra: indígenas, quilombolas, mostram que a diversidade brasileira também está
presente na formação do movimento do MST. Homens e mulheres que tiram da terra
o seu sustento e para o qual a posse da terra é a garantia da sobrevivência de
suas culturas.
No teatro popular do
MST nem a forte influência da Igreja deixou de ser mencionada. Na bela, graciosa e colorida
dança a teatralização dos princípios que regem o MST: a unidade, o
trabalho coletivo, solidariedade, direção compartilhada e com equidade entre
homens e mulheres.
“Ocupar, resistir e produzir”.
Sob este lema nasce o MST e sua principal estratégia de luta pela reforma
agrária: a ocupação de latifúndios improdutivos.
Na luta pela terra desde o seu
nascimento os sem terra enfrentam jagunços e ocupam o latifúndio improdutivo. O
MST também homenageia seus mortos que tombaram na luta.
O MST para se tornar realidade
também teve de resistir à repressão do Estado com o monopólio da força policial
que protege mais a propriedade que a vida, a solidariedade internacional
campesina na luta pela reforma agrária
A celebração da nova sociedade forjada
na luta pela reforma agrária com justiça social:Resultado da luta, nos
assentamentos o fruto do trabalho coletivo: alimentos saudáveis para alimentar
o povo.
A reafirmação dos princípios do
MST
O MST e sua pedagogia da educação
popular, a imensa quantidade de jovens participando de todas as atividades, os
formadores das escolas do campo, homens e mulheres também educadores e o
trabalho coletivo da mais simples a mais complexa ação tem muito a ensinar ao
Brasil, aos movimentos sociais, à organização da classe trabalhadora.
Fonte: http://cut.org.br
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