O que a Igreja fez pelo mundo Ocidental? – Por Felipe Aquino
Infelizmente muitos estudantes
secundários e universitários têm uma visão deformada a respeito da Igreja
Católica, sua vida e sua História.
Isto tem muito a ver com a imagem errada que
muitos professores, de várias disciplinas, especialmente História, lhes passam.
Isto gera nos estudantes uma aversão à Igreja desde os bancos escolares. Também
a mídia, muitas vezes, cujos elementos foram formados nas mesmas universidades,
é a causa de uma visão negativa e deturpada da Igreja.
O livro “Código da Vinci”, e depois
o filme de mesmo nome, bem como inúmeras matérias fantasiosas sobre a Igreja,
sem provas históricas ou científicas, aumentaram em todo o mundo, ainda mais,
esta visão de que a Igreja Católica é uma Instituição corrupta, perversa, que
inventou a divindade de Cristo, e que sobre este mito criou uma Instituição
poderosa e dominadora, e que a custa de sangue sempre se impôs ao mundo.
É hora de os jovens estudantes,
especialmente os católicos, conhecerem o outro lado dessa “História” que é mal
contada nas escolas. Hoje é lhes mostrado apenas as “sombras” da vida da
Igreja, mas há uma má vontade imensa que encobre as “luzes” brilhantes de sua
História de 2000 anos. Uma bem montada propaganda laicista no mundo anti-Igreja
Católica, envenena os jovens e os joga contra a Igreja.
Foi a Igreja quem salvou e quem
moldou a nossa rica Civilização Ocidental da qual nos orgulhamos, onde se preza
a liberdade, os direitos humanos, o respeito pela mulher e por cada pessoa. Sem
o trabalho lento e paciente da Igreja durante cerca de dez séculos, após a
queda do Império Romano e a ameaça dos bárbaros, o Ocidente não seria o mesmo.
Foi esta civilização moderna,
gerada no bojo do Cristianismo que nos deu o milagre das ciências modernas, a
saudável economia de livre mercado, a segurança das leis, a caridade como uma
virtude, o esplendor da Arte e da Música, uma filosofia assentada na razão, a
agricultura, a arquitetura, as universidades, as Catedrais e muitos outros dons
que nos fazem reconhecer
em nossa Civilização a mais bela e poderosa civilização da História.
E a responsável por tudo isto foi
a Igreja Católica, diz o historiador americano Dr. Thomas Woods, PhD de
Harvard, nos EUA. Ele afirma que: “Bem mais do que o povo hoje tem consciência,
a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de
pessoas que somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam
isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização
Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo
antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, depois da queda
de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”. [T. Woods, 2005].
Em sua obra o Dr. Thomas
apresenta muitas referências de historiadores atuais que confirmam o trabalho
da Igreja na construção da Civilização Ocidental. Há hoje no mundo um
anti-Catolicismo. É dito aos jovens, que a História da Igreja é uma história de
ignorância, repressão, atraso e estagnação, quando a realidade é exatamente o
contrário, como têm mostrado muitos historiadores.
É preciso saber distinguir entre
a “Pessoa” da Igreja, fundada por Cristo, divina, santa, e as “pessoas” da
Igreja que são seus filhos, santos e pecadores. Muito se exagera, por exemplo,
sobre a Inquisição e as Cruzadas; e se quer analisá-las fora do contexto da
época. Isto é um absurdo histórico; ninguém pode entender um fato fora do seu
contexto moral, social, psicológico, religioso, etc., da época. Um texto
retirado do contexto se torna pretexto; e neste caso para se atacar, denegrir e
tentar destruir a Igreja Católica, como se ela fosse vencível neste mundo.
A maioria das pessoas reconhece a
influência da Igreja na música, na arte e na arquitetura, mas a influência da
Igreja foi muito maior do que se pensa e se conhece. Muitos, mal
informados, pensam que centenas de anos antes da época do Renascimento
(séc.XVI), a Idade Média, foi um tempo de ignorância e repressão intelectual,
sem brilho, como se fosse um tempo negro onde se imperou somente a superstição
e a magia, como se em nome de Jesus Cristo, a ciência e o progresso fossem
banidos. Nada mais errado. A Idade média cristã foi, na verdade, um tempo de
grande desenvolvimento religioso, cultural e artístico, como veremos.
Nossa Civilização tem uma enorme
dívida com a Igreja pelo sistema universitário, pelo trabalho de caridade
realizado, pelo advento da lei internacional, o desenvolvimento das ciências,
das artes, da música, do direito, da economia e muito mais, como veremos
adiante. A Igreja Católica salvou e construiu a Civilização Ocidental. Com
muita rapidez os críticos da Igreja Católica levantam e expõem os erros dos
seus filhos em todos os tempos, mas, solertemente escondem as grandes
realizações da Igreja em prol da humanidade.
O Dr. Thomas Woods mostra que nos
últimos quinze anos, muitos historiadores e pesquisadores como A.C.
Crombie, David Lindberg, Edward Grant, Stanley Jaki, Thomas Goldstein, J. L.
Heilbron, Rodney Stark, Alvin Schmidt, Robert Phillips, Kenneth Pennington,
Daniel Rops, Joseph Needhem, Charles Montalembert, Joseph Mac Donnell, Phillip
Hughes, David Knowles, William Lecky, Harold Broad, Michel Davies, Jean Gimpel
e muitos outros, mostraram a grande contribuição da Igreja para o
desenvolvimento de nossa atual Civilização.
Por exemplo, a contribuição da
Igreja para o desenvolvimento da ciência foi enorme; muitos cientistas foram
padres. Pe. Nicholas Steno, é considerado o “pai da geologia”. O “pai da
egiptologia” foi o padre Athanasius Keicher. A primeira pessoa a medir a taxa
de aceleração de um corpo em queda livre foi o Pe. Giambattista Riccioli. Pe
Rober Boscovitch é considerado o pai da moderna teoria atômica. Os jesuítas se
dedicavam ao estudo dos terremotos tal que a sismologia veio a ser conhecida
como a “ciência Jesuítica”. Trinta e cinco crateras da lua foram nomeadas por
cientistas e matemáticos jesuítas.
J. L. Heilbron (1999), da
Universidade da Califórnia em Berkeley, disse que: “A Igreja Católica Romana
deu mais suporte financeiro e social ao estudo da astronomia por mais de seis
séculos do que qualquer outra instituição”. Woods afirma que “o verdadeiro
papel da Igreja no desenvolvimento da ciência moderna permanece um dos mais bem
guardados segredos da história moderna” [pág. 5].
Foram os monges da Igreja que
preservaram a herança literária do mundo Antigo após a queda de Roma diante dos
bárbaros em 476.
Reginald Grégoire (1985) afirma
que os monges deram “a toda a Europa… uma rede de fábricas, centros de criação
de gado, centros de educação, fervor espiritual, … uma avançada civilização
emergiu da onda caótica dos bárbaros”. Ele afirma que: “Sem dúvida alguma São
Bento (o mais importante arquiteto do monaquismo ocidental) foi o Pai da
Europa. Os Beneditinos e seus filhos, foram os Pais da civilização Européia”.
O desenvolvimento do conceito de
“lei internacional” é atribuída aos pensadores dos séc. XVII e XVIII, mas na
verdade surgiu no séc. XVI nas universidades espanholas católicas e foi o Padre
Francisco de Vitória, professor, quem ganhou o título de “pai da lei
internacional”. A lei ocidental é uma dádiva da Igreja; a lei canônica foi o
primeiro sistema legal na Europa, o que deu início ao primeiro corpo coerente
de leis.
Segundo Harold Berman (1974),
“foi a Igreja que primeiro ensinou ao homem ocidental um sistema moderno de
lei. A Igreja primeiro ensinou que conflitos, estatutos, casos, e doutrina
podem ser reconciliadas por análises e sínteses”.
A formulação dos direitos,
que surgiu da civilização ocidental, não veio de John Locke e Thomas Jefferson,
mas muito antes, das leis canônicas da Igreja Católica.
Alguns historiadores de economia
antiga afirmam que a moderna economia, surgiu com Adam Smith e outros teóricos
da economia do séc. XVIII, mas estudos recentes estão mostrando a importância
do pensamento econômico dos Escolásticos da Igreja, particularmente os teólogos
católicos espanhóis e séc. XV e XVI. O grande economista Joseph Schumpeter
considera que esses pensadores católicos foram os fundadores da ciência
econômica moderna.
Referências Bibliográficas:
- Woods, Thomas E. Jr, “The
Church and the Market: A Catholic Defense of the Free Economy”; Lanham, Md.:
Lexington, 2005, p. 87, 89, 93.
- Woods, Thomas Jr, “How the
Catholic Church Built Western Civilization”; Regury Publishing Inc.,
Washington, DC, 2005.Wright, Jonathan, “The Jesuits: Missions, “Myths and
Histories”, London: Harper Collins, 2004, pp. 18-19.
- Heilbron, John L., “The Sun in
the Church: Cathedrals as Solar Observatories – Cambridge: Harvard University
Press, 1999, 3.
- Grègoire, Reginald; Moulin, Léo
and Ourse, Raymond, “The Monastic Realm”: NY, Rizzoli, 1985, p. 271; idem, p.
35.
- Berman, Harold J., “The
Influence of Christianity Upon the Development of Law”, Oklahoma Law Review ,12
(1959), 93.
- Berman, Harold, “The
Interaction of Law and Religion” (Nashville Tenn.: Abringdem Press, 1974; p.
59.
- Bettencourt, Estevão, “A Idade
Mdia, os Monges e o Progresso”, Revista: “Pergunte e Responderemos, Nº 347 –
Ano – 1991 – p. 177.
Schumpeter, Joseph, “ A History
of Economic Analysis”, N. Y., Oxford University Press, 1954, p. 97.
Fonte: http://blog.cancaonova.com
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