Crianças expostas à religião desde cedo têm dificuldades em distinguir ficção e realidade
As crianças que são expostas a
ensinamentos religiosos desde muito novas revelam dificuldades em distinguir
ficção e realidade, segundo um novo estudo publicado na edição de julho da
revista científica: "Cognitive Science".
Os investigadores confrontaram
crianças de cinco e seis anos de escolas públicas e paroquias com três tipos de
histórias, religiosas, fantásticas e reais, para perceber até que ponto as
crianças conseguiam identificar nas narrativas elementos ficcionais ou
impossíveis.
O estudo concluiu que, dos 66
participantes, as crianças que iam à igreja ou frequentavam escolas paroquiais
eram significativamente menos capazes de associar elementos sobrenaturais, como
animais falantes, à ficção. Quando relacionavam eventos
religiosos impossíveis conseguidos através de intervenção divina, como a
transformação por Jesus de vinho em água, com narrativas ficcionais, estas
crianças recorriam à religião para os justificar.
"As crianças expostas à
religião tinham maiores dificuldades em classificar as personagens das
histórias fantásticas como sendo a fingir, e em linha com este equívoco,
relacionavam-nas mais com a realidade e menos com a impossibilidade do que as
crianças seculares", conclui o estudo.
Recusando hipóteses anteriores
que sustentam que as crianças "nascem crentes", os autores sugerem
que "o ensino religioso, especialmente a exposição a histórias de
milagres, criam nas crianças uma maior e mais genérica recetividade ao
impossível”. Ou seja, “uma aceitação mais abrangente
de que o impossível pode acontecer e desafiar a ordem comum".
Os resultados do estudo sugerem
que a exposição à religião tem um forte impacto na distinção entre realidade e
ficção, não apenas em histórias religiosas, mas também quando se trata de histórias
fantásticas. Em todo o mundo, mais de oito em
cada 10 pessoas identificam-se com um grupo religioso.
O Pew Research Center, dos
Estados Unidos, estima que existam em todo o mundo 5,8 mil milhões de adultos e
crianças com filiação religiosa: 2,2 mil milhões de cristãos, 1,6 mil milhões
de muçulmanos, 1 mil milhões de hindus, 500 milhões de budistas e 14 milhões de
judeus.
Cerca de 400 milhões de pessoas
têm crenças populares e tradicionais africanas, chinesas ou australianas e 58
milhões pertencem a religiões como a Baha’i, Taoismo, Xintoísmo entre outras. Uma em cada seis pessoas em todo
o mundo (1,1 mil milhões) não tem ligação religiosa.
Fonte: http://diariodigital.sapo.pt
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