STJ nega liberdade a líder de igreja rastafári que plantou maconha – Por Mariana Oliveira
Ele foi condenado a mais de 14
anos de prisão por tráfico de drogas. Advogado queria que STJ reconhecesse uso religioso da maconha.
A Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) negou nesta quinta-feira (07/08), por unanimidade
(cinco votos a zero), pedido de liberdade feito pela defesa de Geraldo Antonio
Baptista, conhecido como Rás Geraldinho Rastafári, líder da Primeira Igreja
Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil, que prega a crença rastafári e o
consumo de maconha.
Baptista foi preso em
agosto de 2012, em Americana, no interior de São Paulo, porque a polícia
encontrou 37 pés de maconha plantados na igreja. No ano passado, ele foi
condenado a mais de 14 anos pelo crime de tráfico de drogas.
O advogado Rodrigo Mello
Mesquita, que defende o líder religioso, pediu que o STJ reconhecesse que o
cliente fez uso religioso da maconha e o libertasse com base no artigo quinto
da Constituição, que garante a liberdade religiosa. Depois do resultado, ele
afirmou ao G1 que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
"[O réu] é fundador de uma igreja
etíope, que professa a fé rastafariana, de origem africana, desenvolvida na
Jamaica no fim do século 19 e no início do século 20. [...] A discussão aqui
tratada demanda análise profunda de questões antropológicas. É inviolável a
liberdade de crença.", segundo o Advogado Rodrigo Mello Mesquita.
"Levaremos ao Supremo
Tribunal Federal porque entendemos que aquele tribunal é o ambiente adequado
para essa discussão, que é constitucional", afirmou Mesquita.
Como argumento, o advogado
também menciona a legalização da maconha no Uruguai. Segundo ele, o
uso da maconha pelo cliente se deu no exercício de sua religiosidade, e ele não
representa problemas para a sociedade.
"É fundador de uma igreja
etíope, que professa a fé rastafariana, de origem africana, desenvolvida na
Jamaica no fim do século 19 e no início do século 20. [...] A discussão aqui
tratada demanda análise profunda de questões antropológicas. É inviolável a
liberdade de crença", declarou.
"Não há dúvida de que a droga é
controlada socialmente, a atividade é crime, e o paciente sabia disso. Não
estamos desconsiderando a sua fé.", Ministro Marco Aurélio Belizze, do
Superior Tribunal de Justiça.
O relator do pedido de liberdade,
ministro Marco Aurélio Belizze, afirmou que o tema é "polêmico", mas
não cabe ao STJ analisar se o uso da maconha no contexto religioso é ou não
permitido.
"Não vou entrar na discussão
de fé, religião. Não temos essa função aqui. Este tribunal tem limites para a
discussão. Não se pode trazer discussão se é melhor ou pior que o álcool. É
momento oportuno de discussão, com a renovação no Executivo e no Legislativo.
Mas o espaço do STJ é pequeno para a discussão sobre isso. Não há dúvida de que
a droga é controlada socialmente, a atividade é crime, e o paciente sabia
disso. Não estamos desconsiderando a sua fé."
Todos os outros ministros da
turma concordaram. A ministra Laurita Vaz aproveitou para afirmar que é contra
a descriminalização da maconha.
"Maconha é caminho para
outras drogas e para o fundo do poço. [...] Vamos descriminalizar o uso de uma
droga que só leva ao mal? Sou extremamente contra e queria mostrar minha
posição", disse.
Fonte: http://g1.globo.com
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