Encontrada na Espanha uma das mais antigas imagens de Cristo – Por Jorge Guerrero
Um Cristo sem barba, de cabelos
curtos e vestindo uma túnica.
Gravada em um prato de vidro do século IV, esta
atípica representação, uma das mais antigas do cristianismo, foi descoberta
por uma equipe de arqueólogos na Espanha.
Durante três anos, os cientistas
foram encontrando pequenos fragmentos de vidro sob as ruínas de um prédio
dedicado ao culto religioso na jazida arqueológica da antiga cidade
ibero-romana de Cástulo, no sul da Espanha.
Mas foi em julho, quando foram
encontrados alguns fragmentos que, "por seu tamanho e pelos desenhos que
continham", permitiram reconhecer que se tratava de "um documento
arqueológico excepcional", explicou à AFP o chefe do projeto, Marcelo
Castro.
Depois de colados, os fragmentos revelaram
o que os especialistas consideram uma pátena, disco destinado a receber o pão
consagrado para a Eucaristia, feita de vidro verde com 22 cm de diâmetro por 4
cm de profundidade, que pôde ser reconstituída em mais de 80%.
Pintada nele, distingue-se a
imagem de três personagens com auréolas: no centro, um Cristo imberbe, de
cabelo curto e encaracolado, segurando uma grande cruz em uma mão e uma Bíblia
aberta na outra. Ao seu lado, dois apóstolos que poderiam ser Pedro e Paulo.
Mais que um retrato fiel,
trata-se, segundo Castro, de um modelo artístico arcaico, denominado
"alexandrino", próprio de uma etapa remota do cristianismo que,
recém-egresso da clandestinidade, ainda contava com poucas imagens.
"Este tipo seria abandonado
mais adiante na tradição cristã e daria-se preferência a outras formas de
representar Cristo. Mas ele está presente nos primeiros momentos do
cristianismo", depois de que, graças ao imperador romano Constantino I
(306-337), ele foi legalizado e deixou de ser "uma religião literalmente
subterrânea", acrescentou.
As pátenas eram feitas em vidro e
não em metais preciosos, como posteriormente.
Para estes arqueólogos, que
consultaram grandes especialistas em vidro antigo de Espanha, Itália e Grécia,
a peça foi fabricada "em Roma, sem dúvida, possivelmente em Ostia, onde os
especialistas consideram que ficavam os ateliês de trabalhos em vidro",
disse Castro.
Fonte: http://exame.abril.com.br
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