Ex-dirigentes do Banco do Vaticano desviaram milhões das contas da Igreja
Os desfalques apurados nas
operações imobiliárias da instituição cujo nome oficial é IOR (Instituto para
Obras de Religião) podem chegar a 60 milhões de euros.
O responsável pelo setor
económico do Vaticano havia revelado a existência de centenas de milhões de
euros “escondidos” em contas da Santa Sé.
O responsável pelo setor
económico do Vaticano havia revelado a existência de centenas de milhões de
euros “escondidos” em contas da Santa Sé. Foto de Giorgio Galeotti.
As autoridades jurídicas da Santa
Sé abriram uma investigação contra dois ex-diretores do Banco do Vaticano por
apropriação indevida de dinheiro, segundo informou este sábado o porta-voz do
Vaticano, Federico Lombardi.
Os desfalques apurados nas
operações imobiliárias da instituição cujo nome oficial é IOR (Instituto para
Obras de Religião) podem chegar a 60 milhões de euros.
Segundo divulgado pela
imprensa italiana, os factos remontam ao período entre 2001 e 2008 e dizem
respeito à venda irregular de 29 edifícios pelo Banco do Vaticano.
O responsável pelo setor
económico do Vaticano havia revelado a existência de centenas de milhões de
euros “escondidos” em contas da Santa Sé. Segundo o cardeal australiano
George Pell afirmou, o dinheiro achado não estava nos balanços financeiros da
Igreja.
Em julho, a instituição comandada
pelo papa Francisco anunciou uma operação de reestruturação no setor económico
após constatar défice de 24,4 milhões de euros no balanço da Santa Sé em 2013.
Embora o porta-voz do Vaticano
não tenha divulgado a identidade dos acusados, a imprensa italiana afirma ser
Angelo Caloia, que presidiu o banco por duas décadas até o ano de 2009, e o
ex-diretor Lelio Scaletti, que deixou o IOR em 2007, após 12 anos no cargo. As
contas de ambos foram “bloqueadas a título de medida cautelar há algumas
semanas”, disse o porta-voz Lombardi.
"O problema foi apresentado
à Magistratura do Estado da Cidade do Vaticano pela direção do IOR após
operações de verificação interna iniciadas ano passado", acrescentou
Lombardi.
O banco, ao rever os balanços e constatar as irregularidades,
resolveu denunciar os ex-dirigentes, “ressaltando o compromisso com a
transparência e a tolerância zero, inclusive no que se refere a assuntos de um
passado mais distante”.
Reforma
Desde que o papa Francisco
assumiu o pontificado, a reforma do IOR (Instituto para as Obras de Religião),
nome oficial do banco comercial do Vaticano, alvo de diversas denúncias de
corrupção e lavagem de dinheiro, é um de seus maiores desafios.
A partir de agora, todas as
contas de clientes serão controladas e só poderão ser titulares “as
instituições católicas, os membros do clero, os empregados ou antigos
empregados do Vaticano [para salários e pensões], embaixadas e diplomatas
acreditados na Santa Sé”.
O banco anunciou a suspensão de
relações com mais de 3 mil clientes que entre outras irregularidades, eram
indivíduos ou entidades laicas que não estão autorizadas a manter vínculo com
este organismo.
De acordo com o comunicado
emitido, “a renovação dos trabalhos será realizada com o propósito de converter
o banco num organismo coerente com a missão de serviço cristão”.
A nota de imprensa reporta que na
primeira etapa das reformas, serão eliminadas as situações de risco e
investimentos incorretos herdados de gestões anteriores e prepara uma segunda
etapa, que incluirá a sua reestruturação.
Fonte: http://www.esquerda.net
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