Especialistas temem aumento da "islamofobia" após ataque contra jornal em Paris
O alto comissário das Nações
Unidas para Direitos Humanos condenou o ataque ao jornal satírico Charlie
Hebdo, que matou pelo menos 12 pessoas e deixou vários feridos na quarta-feira
(07/01).
De acordo com informações da
Agência Brasil, Zeid Al Hussein afirmou estar preocupado com a possibilidade de
que este ataque cause um aumento da xenofobia e sentimento contra imigrantes,
que segundo ele estão crescendo na Europa.
Hussein afirmou que "o
ataque a sangue frio" fere a liberdade de expressão e opinião que são a base
de uma sociedade democrática. Segundo ele, os que tentam "dividir
comunidades usando religião, etnia e outras razões" não devem sair
ganhando.
Especialistas entrevistados pelo R7 compartilham
a mesma preocupação de Hussein, principalmente porque, nas últimas semanas,
diversas manifestações que, ao generalizar minorias radicais, se colocam contra
a presença de muçulmanos na Europa.
Para o Sheik Houssam El Boustani,
teólogo especializado em islã, o atentado de ontem pode ter sido uma reação a
forma como os muçulmanos estão sendo tratados no continente.
“Os muçulmanos europeus fazem
parte de seus países, então, como pessoas podem dizer que não querem mais os
muçulmanos ali?”, alerta Boustani.
“Você acha que os muçulmanos não
vão reagir? Acaba que algum louco, usando a religião como desculpa, resolve
fazer alguma coisa”.
Para o Sheik, os governos
europeus precisam criar medidas que façam com que os membros da religião
islâmica se sintam acolhidos, entendidos e parte importante das nações
europeias.
“Desde o término da 2ª Guerra
Mundial, muitos muçulmanos vivem na Europa. São gerações que já nasceram lá e
que não podem ser marginalizadas”.
A professora Lidice Meyer, da
pós-graduação em ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
lembra que, mesmo antes de qualquer grupo reivindicar a autoria do ataque, o
presidente francês, François Hollande, já classificou o ataque um ato terrorista,
ligado à religião.
“Com toda imprensa também
declarando coisas assim, isso tende a aumentar a xenofobia no país, que já é
muito grande”, explica Lidice.
“Na França, há situação
específica porque existem restrições colocadas pelo governo contra a prática de
algumas religiões. Houve a proibição do uso da burca, restrição de alguns
símbolos religiosos em locais públicos. Isso já é uma espécie de uma agressão
do próprio governo francês contra os estrangeiros que estão na França tentando
praticar sua religião”.
Fonte: http://noticias.r7.com
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